"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

janeiro 17, 2013

Militares põem em livro versão sobre repressão. UM LIVRO HISTÓRICO FUNDAMENTAL. ORVIL TENTATIVAS DE TOMADA DO PODER


Vendido em apenas quatro li­vrarias, mas lançado em clu­bes e círculos militares de 14 cidades, Orvil - Tentativas de Tomada do Poder, versão de oficiais do Centro de Informa­ções do Exército (CIE) sobre a repressão, volta às prateleiras até o fim do mês com uma tira­gem de mais dois mil exempla­res. 

As três primeiras remes­sas, de mil exemplares cada uma, esgotaram-se em três me­ses.
 O livro é assinado pelo te­nente-coronel reformado Lício Augusto Maciel e pelo te­nente reformado José Conegundes Nascimento, que tra­balharam sob a coordenação do general Agnaldo Del Nero Augusto, morto em 2009. Ou­tros oficiais que participaram do projeto não quiseram que seus nomes aparecessem.

Disponível pela internet no si­te da mulher do coronel reforma­do Carlos Alberto Ustra, que che­fiou o DOI- Codi (órgão de infor­mação e repressão do Exército, em São Paulo) e assina a apresen­tação, o texto original do Projeto Orvil ficou pronto em 1987, mas o então ministro do Exército, gene­ral Leônidas Pires Gonçalves, que havia autorizado o levanta­mento, não permitiu que fosse pu­blicado. 
A iniciativa do CIE pre­tendia ser uma resposta ao livro Brasil: 
Nunca Mais, de denúncias de prisões, torturas e assassina­tos durante o regime militar, es­crito poruma equipe ligada ao car­deal d. Paulo Evaristo Arns.

A publicação de Orvil (Editora Schoba, R$ 72,90), segundo o ge­neral reformado Geraldo Luiz Nery da Silva, autor do prefácio, é uma reação à criação da Comis­são Nacional da Verdade.
 "Rele­va enfatizar neste prólogo", escre­ve o general, " que os revanchistas da esquerda que estão no po­der - não satisfeitos com as gra­ves restrições de recursos impos­tas às Forças Armadas e com o tratamento discriminatório da­dos aos militares sob todos os aspectos, especialmente o financei­ro - tiveram a petulância de criar, com o conluio de um inexpressi­vo Congresso, o que ousaram cha­mar de comissão da verdade".

Volume de 924 páginas, Orvil - livro, escrito ao contrário - desta­ca o golpe - ou contrarrevolução de 1964, como preferem seus auto­res - que derrubou o presidente João Goulart e a ação de organiza­ções clandestinas que no período de 1966 a 1975 combateram o regi­me militar pela luta armada. 
A primeira parte trata da Intentona Co­munista de 1935 e a quarta parte analisa a opção da esquerda por uma nova estratégia- a"doutrinação" pelos meios de comunica­ção, instituições de ensino, sindi­catos e movimentos populares so­bre a necessidade da revolução.

Dilma. 
A presidente Dilma Rousseff é citada três vezes e o ex-presi­dente Femando Henrique Cardo­so uma vez, no índice onomástico de mais de 800 nomes de militan­tes e teóricos do marxismo que se envolveram direta ou indireta­mente na luta armada. 
Dilma Vana Rousseff Linhares aparece co­mo membro do setor de logística do Colina (Comando de Liberta­ção Nacional), depois na VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), sempre em notas de rodapé. O livro informa que a ex-presidente foi presa.

"No Centro Brasileiro de Pes­quisas foram contatados Fernan­do Henrique Cardoso, José Artur Gianotti e outros elementos, em busca de inspiração", registram os autores, ao relatar a ação de Piragibe Castro Alves que viajou de Paris para São Paulo em busca de apoio para o Movimento Popu­lar de Libertação.

O livro descreve a agitação estu­dantil de 1968, citando o nome de José Dirceu de Oliveira e Silva, em rodapé, ao falar do congresso da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna (SP). O deputado José Genoino é mencionado no episó­dio da guerrilha do Araguaia.

Outros episódios destacados são a deserção, luta e morte do ca-pitão Carlos Lamarca, a ação de Carlos Marighella e o caso Vladimir Herzog, sempre na versão ofi­cial divulgada na época. Lamarca teria morrido num tiroteio no in­terior da Bahia, Marighella teria levado um tiro ao resistir a agen­tes de segurança na Alameda Ca­sa Branca, em São Paulo, e Herzog se teria suicidado numa cela do DOI-Codi.

Os autores atribuem à censu­ra dos meios de comunicação "a falta de conhecimento e de con­vicção que predisporiam a po­pulação a aceitar como verdade os fatos que lhe fossem oferecidos de forma racional ou emo­cional". Daí, segundo os mílitares, as repercuísões negativas do Ato Institucional n.°5 (AI-5) e a apresentação do regime como "brutal ditadura militar latino-americana".



José Maria Mayrink O Estado de S. Paulo

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Há longo tempo inserido na Grande Rede, para livre consulta, cópia e
download, o ORVIL não teve a repercussão nem a difusão desejadas pelos
autores da louvável iniciativa (portal www.averdadesufocada.com.br).

O exemplar inicialmente disponibilizado na Internet apresenta-se
digitalizado em pdf/imagem, com páginas contendo muitos carimbos,
fotografias bastante deterioradas e texto dito justificado, de
incômoda leitura e de conversão complexa para ser editado.

Foi decidido, então, pelos Organizadores, mediante entendimento com os
seus remanescentes legítimos participantes da obra – Comissão do CIE
–, elaborar esta Edição Comemorativa do 48º Aniversário da

Contrarrevolução de 31 de Março de 1964.

Os exaustivos trabalhos de compilação para recuperação do extenso
texto, das possíveis imagens, eliminação de carimbos, conversão e
digitação, bem como das tarefas de diagramação e das revisões,
estenderam-se por mais de um ano e meio, até a fase de apresentação à

Editora para publicação.

O texto do ORVIL foi fielmente mantido, atualizado de acordo com a
nova ortografia, sendo algumas fotografias substituídas por outras mais nítidas.
O livro ficou com 920 páginas, capa dura, formato 16,3×23, e contém,
além do índice remissivo, extenso índice onomástico e os seguintes
acréscimos:
Apresentação:

 Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Prefácio: 

General Geraldo Luiz Nery da Silva.
Breve Necrológio do General Del Nero 

(Coordenador e um dos escritores da Obra): 
General Valmir Fonseca Azevedo Pereira.
Palavras de um Amigo de Infância do General Del Nero: 

Deputado Nelson Marquezelli.
Epílogo: 

Brigadeiro Ivan Frota.
Contracapa: 

General Aricildes de Moraes Motta.
Organizadores:

 Tenente-Coronel Licio Maciel 
e Tenente José Conegundes do Nascimento.

Preço de Capa: R$ 72,00


Editora: Schoba



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