A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal,  preocupou-se com 
os rumos da democracia no Brasil, devido aos crimes  causados ao país 
pelo mensalão. 
O ex-presidente Lula fingia não existir  esse fato, 
embora informado por dois políticos: 
um, aliado partidário, o  deputado 
Roberto Jefferson, do PTB; outro, o governador de Goiás,  Marconi 
Perillo, do PSDB, partido adversário.
Cármen Lúcia — disse que “o sistema político brasileiro, criado em 1988, é muito difícil, porque um governo sem maioria parlamentar tende a não se sustentar. Ele cai. Se não cair, pouca coisa será feita. É preciso mais rigor na ética e no cumprimento das leis pelos políticos”.
Esse modelo, diz a 
ministra, exige o rigor  que a sociedade espera de cada agente e de cada
 servidor público. 
O  ministro Lewandowski acha que Genoino, do PT, faz 
isso.
O senador  Pedro Simon, do PMDB gaúcho, em suas Reflexões para o Brasil 
do século  21, mostrou o xis do problema: os governos legislaram em 
lugar do  Congresso. “A política foi para o precipício.” 
Para este  escriba, a reforma política devia comportar a adoção do 
parlamentarismo.  Esse sistema vigorou no império, sob a monarquia hoje 
impensável, mas  vigora em democracias republicanas.
A monarquia brasileira não  volta, mas após o governo republicano de 
Bernardes (sob ditadura, em  seis meses de 1924), o deputado José Maria 
dos Santos mostrou, em sua  Política geral do Brasil, que só graças ao 
parlamentarismo o Brasil  manteve sua integridade territorial e social, 
apesar da ferrenha luta  separatista dos gaúchos, no império, de 1835 a 
1945. 
Várias  ditaduras fecharam nosso parlamento. 
Jânio renunciou em 1954, 
Jango  assumiu o poder. Os militares impuseram-lhe o parlamentarismo. 
Derrotado  esse, em consulta ao povo, Jango continuou o 
presidencialismo; porém,  nele foi deposto. 
Sem parlamentarismo, os 
militares adotaram o  presidencialismo ditatorial, por 21 anos, no país.
O  parlamentarismo de verdade, numa República, de ficha limpa, é o 
melhor  remédio para preservar a democracia contra golpes e golpistas.
Rubem Azevedo Lima
                  
     
                     Correio Braziliense


 
 
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