O  Supremo Tribunal Federal (STF) começa hoje a julgar o maior caso de  corrupção da história política brasileira.
A condenação ou não dos 38  réus definirá rumos da nossa democracia, influenciará o comportamento e o  compromisso dos nossos cidadãos com a ética e a moralidade, moldará o  futuro do nosso país. 
O que se espera é que o mensalão seja exemplarmente punido pela nossa mais alta corte de Justiça.
O  julgamento que começa nesta tarde deverá se estender até setembro. Hoje  será lido o relatório do ministro Joaquim Barbosa e ouvida, ao longo de  cinco horas, a acusação feita por parte do procurador-geral da  República, Roberto Gurgel. "Creio que o Supremo fará justiça. 
E na visão do Ministério Público, justiça é condenar todos", resumiu ele a'O Estado de S.Paulo.
Por  que Gurgel tem tanta convicção? 
Basta ler o que o procurador-geral escreveu em suas alegações finais sobre a ação penal n° 470: "As provas colhidas no curso da instrução, aliadas a todo o acervo que fundamentou a denúncia, comprovaram a existência de uma quadrilha (...) constituída pela associação estável e permanente dos seus integrantes, com a finalidade da prática de crimes contra o sistema financeiro, contra a administração pública, contra a fé pública e lavagem de dinheiro".
Cabia aos "dirigentes máximos" do PT - comandados por José Dirceu, então ministro-chefe da Casa Civil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - operar este "engenhoso esquema de desvio de recursos de órgãos públicos e de empresas estatais, e de concessões de benefícios diretos ou indiretos a particulares em troca de ajuda financeira", ainda de acordo com o documento copiosamente preparado por Gurgel.
É  esta "sofisticada organização criminosa" - cuja atuação foi descrita em  detalhes pelo então procurador Antonio Fernando de Souza, antecessor de  Gurgel na Procuradoria-Geral da República (PGR), nas 136 páginas da  denúncia apresentada ao STF em 11 de abril de 2006 - que estará no banco  dos réus ao longo das próximas semanas. 
Chegou a hora do acerto de contas dos mensaleiros com a sociedade.
Até  o próximo dia 15 serão ouvidos, em sessões diárias com cinco horas de  duração, os advogados dos 38 réus. Cada um terá uma hora para se  defender das "contundentes", segundo Gurgel, provas colhidas pela PGR  durante as investigações - reunidas em 50.624 páginas, distribuídas por  235 volumes e 500 apensos.
No dia seguinte, o ministro Barbosa passará a ler seu voto. O primeiro réu a ter sua sentença conhecida será Dirceu, o "chefe da quadrilha".
As investigações conduzidas ao longo destes últimos sete anos só fizeram consolidar na opinião pública a convicção de que o PT instalou, no seio do poder público, um duto para drenar dinheiro do contribuinte para bolsos privados, a fim de sustentar um projeto de perpetuação do partido no poder.
Novas evidências continuam a surgir, como a denúncia  feita pelo Ministério Público Federal e aceita pela Justiça Federal em  São Paulo em julho, mas só conhecida ontem, transformando Delúbio  Soares, ex-tesoureiro do PT, em réu também por lavagem de dinheiro - no  STF ele já responde por formação de quadrilha e corrupção ativa. 
Os tentáculos da organização criminosa, como se vê, não têm fim.
O  mais importante é perceber que o que está em julgamento é uma forma  nefasta de fazer política no país, posta em prática pelo PT após assumir  o poder federal, em 2003.
Trata-se de um organograma montado para corromper a relação entre os poderes, subjugar o Congresso, vilipendiar os preceitos democráticos e perenizar a presença de um único partido no comando da nação.
"O  PT não inventou a corrupção, mas elevou-a a um grau de sofisticação tal  que colocou em risco a democracia quando transformou o esquema  criminoso em política de governo", resume Merval Pereira n'O Globo. 
"Os juízes do STF não estão julgando um caso comum, mas um estratagema golpista devotado a esvaziar de conteúdo substantivo a democracia brasileira", escreve o sociólogo Demétrio Magnoli no Estadão.
Já disse um magistrado que os ministros do Supremo não devem agir como "ácaros de gabinete".  É justamente o que se espera dos 11 brasileiros que, nos próximos dias e  semanas, definirão como o mensalão passará para a História. De suas  sentenças sairá a feição do país que pretendemos ter daqui para frente. 
Todos ansiamos para que o Brasil deixe de ser tido como um paraíso para corruptos, mácula que, infelizmente, nos persegue na era petista.
Em julgamento a corrupção


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