"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 18, 2012

"A ÚNICA PERSONAGEM HONESTA DO MENSALÃO" ! Cafetina do mensalão ainda abala a capital federal

Passados sete anos desde que ficou conhecida como a cafetina do mensalão, por fornecer meninas a festas bancadas por Marcos Valério a parlamentares no início do governo Lula, Jeany Mary Corner continua na ativa e atazanando casamentos.

De lá pra cá, a mais conhecida agenciadora de garotas de programa de luxo da capital federal se mantém longe dos holofotes para preservar a discrição do ofício. Mas bastam breves aparições para estremecer meio mundo político e, com isso, garantir que a fonte nunca seque ao fim de cada mês.

Integrar seu cast é o sonho de dez entre dez garotas de programas brasilienses, mas realidade de poucas. Não serve muita maquiagem, roupas curtas demais nem jeito vulgar. As meninas de Jeany entendem inglês e espanhol.

São contratadas não só para sexo, mas para serem agradáveis e nunca encher o saco do cara. Não fazem escândalo. Mas, no primeiro semestre, Jeany deu azar. As juras de um parlamentar subiram à cabeça de uma menina, que cresceu o olho na fortuna do cliente e ligou para sua esposa.

O erro custou à cafetina ameaças e nova temporada forçada em São Paulo.

Só não foi pior porque a mulher não quis escândalo. Ele falou que ia dar um tiro na cabeça da menina e da Jeany conta outra garota, dispensada após o ocorrido.

Ela aguarda ansiosa a volta da antiga chefe. Hoje, consegue R$ 500 por programa, em casas noturnas. Com Jeany, ganha pelo menos o dobro, nas festinhas em mansões no Lago, suítes presidenciais ou apartamentos funcionais. Com o dinheiro que juntou quando trabalhava para a cafetina, comprou um carro e metade de seu apartamento.

Não foi a única a lucrar. Ganhar crédito com políticos é o objetivo de financiadores das farras abastecidas por Jeany. Como foi no namoro de Marcos Valério com dirigentes do PT recém-chegado ao poder.

Pelo menos duas festas bancadas por meio de seu sócio Ricardo Machado chegaram ao conhecimento da PF nas investigações do mensalão.

Em 9 de setembro e em 5 de novembro de 2003, os tapetes persas da suíte presidencial do Hotel Grand Bittar foram cenário de festas regadas a Veuve Cliquot, uísques 15 anos e dezenas de latas de energético para garantir euforia na lida com as meninas de Jeany.

O depoimento-bomba do sócio de Valério, em 2005, levou Jeany aos holofotes.

Em 2006, continuou presente, capaz de constranger autoridades envolvidas no mensalão. O preço do seu silêncio ficou mais caro, garantem dois parlamentares ouvidos pelo GLOBO e procurados por emissários dela.

Um relatório com detalhes dos encontros com autoridades passou a circular pelas mãos certas, o assunto foi resolvido e morreu.

Jeany foi dispensada pelo então procurador-geral da República Antônio Fernandes de Souza de falar à Justiça o que sabia sobre o mensalão. Localizada pelo GLOBO, não quis falar.

Não sou celebridade.
Não quero saber de jornalista.
Saí há mais de um ano desse negócio, agora tenho é um salão de beleza disse, desligando o telefone.


O Globo

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