"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 13, 2012

E NO "CONGLOMERADO" DA PATIFARIA(CÂMARA/SENADO)... Contratação de neto de Sarney provoca polêmica

O corregedor-geral da Câmara, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), defendeu ontem o esclarecimento à sociedade da denúncia de suposto tráfico de influência política envolvendo Gabriel Cordeiro Sarney, filho do deputado Sarney Filho (PV-MA) e neto do presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP).

Eduardo da Fonte acrescentou, no entanto, que aguarda que a corregedoria seja acionada para que possa abrir sindicância.

Segundo reportagem publicada pelo jornal "Folha de S.Paulo", uma empresa ligada a Gabriel Sarney recebeu verbas da Câmara nos últimos meses, prestando serviços a deputados, inclusive ao pai dele, Sarney Filho.

De acordo com a denúncia, a empresa teria driblado normas da Câmara criadas para evitar que parentes de congressistas se beneficiem e recebam verbas da cota parlamentar.

A "Folha" publicou que Gabriel Sarney é sócio da empresa Ideasprev, que comandaria os negócios de outra empresa, a Metagov, que foi contratada por seu pai e outros deputados com verbas da cota parlamentar.

De acordo com a reportagem, as duas empresas têm os mesmos sócios e funcionam no mesmo endereço, em São Paulo.

A reportagem diz que desde o ano passado a Metagov recebeu pelo menos R$ 260 mil de gabinetes de deputados.
Além de Sarney Filho, prestou serviços a deputados como Romário (PSB-RJ),
Roberto Freire (PPS-SP),
Renan Filho (PMDB-AL),
Júlio Delgado (PSB-MG)
e Wilson Filho (PMDB-PB).

Assessores técnicos da Câmara informam que, pela regra de ressarcimento da verba da cota parlamentar, como Gabriel não é sócio da empresa, a contratação não deverá acarretar problemas a Sarney Filho ou aos outros deputados.

Sarney Filho, segundo a assessoria da Câmara, entregou à Diretoria Geral da Casa documentação comprovando que o filho, Gabriel, não é sócio da Metagov. Informou ainda que, em novembro de 2011, Gabriel foi contratado pela Metagov e que o contrato de seu gabinete com a empresa foi rompido antes disso.

A assessoria de imprensa da Câmara afirmou que o uso da cota parlamentar obedece às regras do Ato da Mesa 43, de 2009, que diz que não será admitido o uso da verba para ressarcir despesas por serviços prestados por empresa ou entidade do próprio deputado ou de parente seu até o terceiro grau.

Nesse caso, os outros deputados que contrataram a empresa não teriam problema.

Deputados que têm contrato com a Metagov afirmaram ter sido pegos de surpresa com a ligação de Gabriel Sarney com a empresa. O deputado Júlio Delgado disse que irá rescindir o contrato mensal com a empresa, que fez sua página na internet e recebe mensalmente R$ 3,5 mil para o trabalho com redes sociais.

Delgado, no entanto, afirma que em nenhum momento foi procurado por Sarney Filho ou por Gabriel para que o contrato fosse firmado.

- Não foi por influência política do Sarney Filho. Ele nunca falou disso comigo. Quem me procurou foi um dos sócios da empresa chamado Tito. Ele comentou que tinha fechado contrato com outros deputados, como Renan Filho e Sarney, um atendimento pluripartidário. Pago todo mês e vou encerrar o contrato - disse Júlio Delgado.

A Metagov divulgou nota em seu site negando que a empresa tenha driblado norma da Casa para que seus serviços fossem contratados pelos deputados. A empresa cita o ato 43, de 2009, para dizer que a contratação de Gabriel Sarney só ocorreu depois que o contrato com Sarney Filho foi encerrado.

Na nota, a empresa diz que a acusação de influência política para obter os contratos e a suposta violação de normas da Câmara constituem "ilações improcedentes".

O Globo

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