"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

fevereiro 02, 2012

Petrobras : Vazamento de óleo é investigado

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo abriram ontem inquéritos para investigar o vazamento de óleo no Campo de Carioca Nordeste, operado pela Petrobras na Bacia de Santos, a 250 km do município de Ilhabela, no litoral norte do estado.

Segundo a Marinha, a mancha de óleo atinge 70 quilômetros quadrados de mar. Na PF, as investigações ficarão a cargo da Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais e Patrimônio Histórico, que terá 30 dias para apurar o caso.

Já no MPF, a Procuradoria em São José dos Campos instaurou inquérito civil público para apurar as causas do primeiro vazamento de óleo do pré-sal e pode preparar ações judiciais e extrajudiciais. O Ibama também notificou ontem a Petrobras a apresentar, em um prazo de cinco dias, um relatório consolidado sobre a resposta que foi dada ao vazamento.

Segundo o instituto, a depender das informações apresentadas, a empresa poderá receber sanções. O caso está com o procurador Angelo Augusto Costa, que requisitou documentos e informações a diversos órgãos.

Um sobrevoo na região, realizado por técnicos do Ibama e da Marinha, comprovaram a existência de uma mancha pouco espessa e descontínua, com aparência de frisos prateados, a cerca de cinco quilômetros do navio-plataforma FPWSO Dynamic Producer.

Na avaliação do instituto, dada a distância e as condições oceanográficas no local, o petróleo não deve chegar no litoral.

Gabrielli minimiza vazamento

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli minimizou, em Salvador, os efeitos do vazamento. Ele, que deixa o comando da estatal no dia 13, chegou a dizer que não houve vazamento:
Houve uma ruptura da tubulação que liga o poço à superfície e as causas primárias não foram identificadas, levam algum tempo disse.

Ele preferiu exaltar a eficiência dos sistemas de prevenção e contenção, que funcionaram perfeitamente.

Todo o poço está sob controle e não há nenhum risco de perda de controle. (A camada) pré-sal está abaixo do fundo do mar, e o que está nessa área está absolutamente sob controle.

O que está entre o fundo do mar e a superfície é onde está o tubo que se partiu por razões físicas disse Gabrielli, negando que os papéis da empresa se desvalorizaram por causa do acidente.


A Petrobras retificou a estimativa do volume vazado e informou que 26 mil litros de óleo cru foram liberados ao mar, elevando a previsão anterior de 25 mil litros.

Em nota, a estatal informou que três embarcações recolhedoras de óleo percorreram ontem à tarde o local e que, até o momento, foram recolhidos 15 metros cúbicos de água oleosa, que serão tratados. Toda a atuação da empresa está sendo monitorada pelo Ibama e pela Cetesb, órgão ambiental paulista.

Em meio ao problema ambiental, ficou pronto, finalmente, o Plano Nacional de Contingência (PNC) contra grandes vazamentos de petróleo no mar brasileiro. No entanto, falta decidir de onde sairão os recursos para sua implantação.

O PNC estabelece o modo de atuação dos diferentes entes envolvidos em um vazamento como Agência Nacional do Petróleo (ANP), Ibama, Marinha e a própria empresa em casos de grandes vazamentos.

Com um plano definido, haverá parâmetros prévios para que o impacto no ambiente seja o menor possível.

Segundo a Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, há uma negociação em curso com o Ministério do Planejamento para se buscar a fonte mais adequada para custear a implementação do plano.

Em nota enviada ao GLOBO, o MME afirma que, ainda que o plano não tenha sido formalmente publicado, a ANP, a Marinha e o Ibama, que participaram ativamente de sua construção, vêm adotando as diretrizes nele contidas de maneira integral, de sorte que a ausência da publicação não impede a ação coordenada do governo.

A criação de um Plano Nacional de Contingência brasileiro é prevista desde 2000, quando um vazamento da Petrobras que atingiu a Baía da Guanabara mobilizou políticos em torno da aprovação da Lei 9.966.

A responsabilidade pela elaboração do PNC foi transferida do Ministério do Meio Ambiente para o de Minas e Energia, que preparou o texto final para submetê-lo à Casa Civil.

O megavazamento da BP no Golfo do México em 2010 e o vazamento da Chevron no Rio no ano passado ampliaram a pressão pelo plano.

PDVSA perde prazo de refinaria

A coordenadora da campanha de clima e energia da ONG Greenpeace, Leandra Gonçalves, afirmou ontem que a necessidade de adotar medidas de prevenção e de segurança mais rígidas em casos de vazamento de petróleo é inegável e urgente.

Hoje, temos 105 sondas trabalhando em toda a costa brasileira, idênticas à utilizada pela Chevron, perfurando a mais de 4 mil metros de profundidade e sob uma lâmina de água superior a mil metros. Nessas condições, a capacidade de controle de um vazamento é muito mais difícil, escreveu no blog do Greenpeace.

Até ontem, a Petrobras não tinha recebido qualquer comunicado da estatal venezuelana PDVSA sobre a decisão em relação à sua participação no projeto da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

O prazo para a venezuelana apresentar garantias ao BNDES (que não comenta o assunto) acabou no dia 31. Gabrielli disse que espera que a PDVSA apresente garantias, mas disse que a Petrobras pode fazer a refinaria sozinha.

O Globo

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