Depois da comemorada alta de 7,5%, em 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) expandiu-se apenas 2,79% em 2011, segundo a prévia estimada pelo Banco Central (BC) divulgada ontem.
O resultado oficial será anunciado pelo IBGE no início de março.
No mercado financeiro, as apostas eram de crescimento de 2,84%. O BC esperava um pouco mais:
3%. Os analistas consideram que a crise financeira internacional freou demais a economia e isso pesou no resultado do ano.
O mesmo índice em 2010 ficou em 7,6%, e o número oficial fora de 7,5%
Com essa taxa, o país teria crescido aquém da sua capacidade. O efeito positivo é que isso reduz a pressão sobre a inflação e abre espaço para uma queda maior dos juros. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, faz coro com os que apostam que o número oficial poderá ser maior.
- O PIB (em 2011) deverá ficar em torno de 3%, um pouco mais, um pouco menos. Mas o importante é a trajetória e esse PIB está ficando para trás. Já estamos caminhando para um número maior em 2012 -disse Mantega, prevendo crescimento de 4,5% com a contribuição dos cortes de gastos feitos pelo governo.
Para ele, o indicador demonstra que nos últimos meses de 2011 houve uma aceleração da economia, depois da desaceleração ocorrida em setembro e outubro devido aos efeitos da crise internacional no país:
- ( Houve crescimento) Inclusive para a indústria, que mais acelerou em novembro e dezembro, mostrando que o setor que estava com dificuldades econômicas (agora) está na rota da recuperação.
Analistas revisam projeções para o PIB
O BC estima que a economia cresceu 0,57% somente em dezembro. E isso permitiu que o trimestre fechasse no azul em 0,28%, depois de dois desempenhos negativos seguidos. Nos número oficiais, não houve queda na atividade.
No terceiro trimestre, a economia estagnou. O índice fez analistas revisarem suas estimativas para o ano passado e para 2012.
Para o economista Eduardo Velho, da Prosper, o crescimento oficial de 2011 não deve ultrapassar 2,9%. A previsão anterior era 3%. Velho lembra que nos últimos resultados há uma pequena diferença entre os números do BC e do IBGE.
Mesmo com essa diferença, crescer neste patamar mais baixo reforça a perspectiva de queda dos juros nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).
- O resultado está em linha com o que o BC tem sinalizado: o país está crescendo menos do que tem capacidade ou seja, é possível cortar juros, sem dar combustível para a inflação - disse o economista.
Já a equipe do Itaú manteve a previsão de crescimento de 3,2% em 2011, sendo 0,3% em dezembro. Os economistas estimam uma queda de 0,5% no PIB industrial no quarto trimestre em razaão da desaceleração mais acentuada do que o esperado no consumo. O quadro geral deve mudar devido ao vigor do setor de serviços.
- Esperamos que, após dois trimestres de contração, a atividade de produção retome o crescimento no primeiro trimestre de 2012 - disse o economista Aurélio Bicalho, do Itaú.
PIB per capita deve ter crescido 1,77%
Segundo cálculos do professor da Trevisan, Alcides Leite, se confirmado o crescimento da população de 1% no ano passado, como prevê o IBGE, o aumento das riquezas do país por habitante, a chamada renda per capita, deve ter crescido 1,77%.
Na opinião do acadêmico, é um desempenho baixo e a crise não pode levar toda a culpa. Ele atribui o resultado à necessidade de corrigir os excessos de 2010 - quando o país cresceu acima da sua capacidade e isso gerou inflação, que teve de ser combatida com alta dos juros.
- Para poder crescer mais, é preciso fazer investimentos. Se quisermos ter um crescimento de 5% por vários anos, é preciso aumentar a taxa de investimento de 19% do PIB para 25%: esse é o principal fator limitante - destaca.
Segundo Mantega, o crescimento do país em 2012 será ajudado pela desaceleração da inflação, o que possibilitará ao BC fazer uma política monetária "mais flexível".
Gabriela Valente, Catarina Alencastro e Luiza Damé O Globo
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