Instituições reservam R$ 115 bi para cobrir a inadimplência, 21% além do valor de 2011
A escalada da inadimplência no Brasil está obrigando os bancos a guardarem um volume recorde de recursos para cobrir o rombo deixado pelos maus pagadores — uma fortuna de R$ 115 bilhões até dezembro do ano passado.
Comparado ao fim de 2010, esse colchão anticalote cresceu 21,5% e tem custado às instituições uma fatia expressiva dos lucros.
Os dados do Banco Central mostram que esse montante se expande a cada dia, e mais:
evidenciam que o setor privado, sobretudo o estrangeiro, é o que exige menos garantias para emprestar e, portanto, tem registrado as maiores taxas de incremento nas provisões.
Os bancos particulares elevaram suas reservas em 25,5%, enquanto as instituições públicas aumentaram a rubrica em 14%. Na abertura entre nacionais e estrangeiros, os primeiros elevaram as provisões em 24,6% e os demais em 28,1%.
Na visão dos especialistas ouvidos pelo Correio esse avanço decorre da rápida expansão do crédito em 2009 e 2010, que levou o brasileiro a um endividamento sem precedentes.
Atualmente, quase 50% da renda familiar está comprometida e, agora, a fatura dessa farra dos empréstimos começou a cair no colo dos bancos.
A inadimplência do consumidor está em 7,3% e, conforme mostram os dados do Banco Central, os clientes "A", de risco quase nulo e maior poder aquisitivo, têm liderado os calotes.
"É um número muito alto, mais que o dobro da média mundial", alerta o economista Roberto Luís Troster.
O volume de provisões é tão elevado que superou as reservas feitas em 2008, após o agravamento da crise global, para essa finalidade. Em relação àquele período, o colchão dos bancos aumentou 76,4%.
Para Troster, o aperto feito pelo BC no início de 2011, que deixou mais caras algumas linhas de financiamento mais longas, aliado à elevação da taxa básica de juros (Selic), complicou ainda mais a vida do consumidor.
"Aquele pacote barrou o crédito, mudou a composição das carteiras e as linhas ficaram mais apertadas. Muita gente se enrolou ainda mais", explica.
Em sua avaliação, as famílias deverão permanecer com os orçamentos estrangulados por um longo período, obrigando os bancos a manterem suas provisões altas ao menos até o fim do segundo semestre.
Mesmo com um pequeno recuo, para Troster a inadimplência fechará o ano em torno de 5%.
VICTOR MARTINS Correio Braziliense
Mais :
Falta de Controle
A preocupação do sistema financeiro com a resistência dos calotes aumentou porque, além dos atrasos acima de 90 dias estarem em níveis elevados, as dívidas vencidas abaixo desse prazo também estão crescendo, conforme explica Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).
A escalada da inadimplência no Brasil está obrigando os bancos a guardarem um volume recorde de recursos para cobrir o rombo deixado pelos maus pagadores — uma fortuna de R$ 115 bilhões até dezembro do ano passado.
Comparado ao fim de 2010, esse colchão anticalote cresceu 21,5% e tem custado às instituições uma fatia expressiva dos lucros.
Os dados do Banco Central mostram que esse montante se expande a cada dia, e mais:
evidenciam que o setor privado, sobretudo o estrangeiro, é o que exige menos garantias para emprestar e, portanto, tem registrado as maiores taxas de incremento nas provisões.
Os bancos particulares elevaram suas reservas em 25,5%, enquanto as instituições públicas aumentaram a rubrica em 14%. Na abertura entre nacionais e estrangeiros, os primeiros elevaram as provisões em 24,6% e os demais em 28,1%.
Na visão dos especialistas ouvidos pelo Correio esse avanço decorre da rápida expansão do crédito em 2009 e 2010, que levou o brasileiro a um endividamento sem precedentes.
Atualmente, quase 50% da renda familiar está comprometida e, agora, a fatura dessa farra dos empréstimos começou a cair no colo dos bancos.
A inadimplência do consumidor está em 7,3% e, conforme mostram os dados do Banco Central, os clientes "A", de risco quase nulo e maior poder aquisitivo, têm liderado os calotes.
"É um número muito alto, mais que o dobro da média mundial", alerta o economista Roberto Luís Troster.
O volume de provisões é tão elevado que superou as reservas feitas em 2008, após o agravamento da crise global, para essa finalidade. Em relação àquele período, o colchão dos bancos aumentou 76,4%.
Para Troster, o aperto feito pelo BC no início de 2011, que deixou mais caras algumas linhas de financiamento mais longas, aliado à elevação da taxa básica de juros (Selic), complicou ainda mais a vida do consumidor.
"Aquele pacote barrou o crédito, mudou a composição das carteiras e as linhas ficaram mais apertadas. Muita gente se enrolou ainda mais", explica.
Em sua avaliação, as famílias deverão permanecer com os orçamentos estrangulados por um longo período, obrigando os bancos a manterem suas provisões altas ao menos até o fim do segundo semestre.
Mesmo com um pequeno recuo, para Troster a inadimplência fechará o ano em torno de 5%.
VICTOR MARTINS Correio Braziliense
Mais :
Falta de Controle
A preocupação do sistema financeiro com a resistência dos calotes aumentou porque, além dos atrasos acima de 90 dias estarem em níveis elevados, as dívidas vencidas abaixo desse prazo também estão crescendo, conforme explica Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).
"A gente tem verificado esse problema em reuniões internas com bancos e financeiras, eles reclamaram bastante da qualidade do tomador de crédito ao longo de 2011. As famílias calcularam mal sua capacidade de pagamento e compraram mais do que podiam pagar", disse.
Para ele, a renda dos brasileiros também foi corroída pela inflação elevada, que fechou ano passado em 6,5%, e pela pesada carga tributária, elementos que colaboraram para apertar ainda mais o orçamento doméstico.
Os dados do Banco Central mostram que a dificuldade de planejamento financeiro atingiu todas as classes.
O incremento de provisões para cobrir as dívidas de clientes classificados como A, porém, só não foi maior do que o colchão dos correntistas E e F, duas das piores avaliações de crédito .
Os recursos destinados a esse fim foram ampliados em 23,1% para a primeira categoria, enquanto as reservas para os tomadores de maior risco cresceram 24,8 e 30,2%, respectivamente.
Os colchões para os empréstimos C e D também foram reforçados em 9,6% e 13%. (VM)
Risco alto
Provisões em 2011 para devedores de alta renda avançaram 23,1%, próxima da aplicada aos clientes mais pobres
Provisões em 2011 para devedores de alta renda avançaram 23,1%, próxima da aplicada aos clientes mais pobres
Variação por nível de renda (Em %)
AA - -56,29
A - 23,1
B - -2,7
C - 9,6
D - 13,0
E - 24,8
F - 30,2
G - 25,4
H - 24,0
AA - -56,29
A - 23,1
B - -2,7
C - 9,6
D - 13,0
E - 24,8
F - 30,2
G - 25,4
H - 24,0
Variação por tipo de instituição (Em %)
Privadas - 25,5
Públicas - 14,0
Estrangeiras - 28,1
Nacionais - 24,6
Fonte: Banco Central
Privadas - 25,5
Públicas - 14,0
Estrangeiras - 28,1
Nacionais - 24,6
Fonte: Banco Central
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