Em 2011, bateu recorde ao alcançar US$ 52,6 bilhões, um volume 11,17% maior que o verificado no ano anterior. Para 2012, as expectativas do Banco Central são ainda piores:
US$ 65 bilhões.
US$ 65 bilhões.
Diferentemente do ano passado, não haverá como cobrir esse buraco.
O Investimento Estrangeiro Direto (IED), que até então registrava cifras superiores às do deficit externo e tapava esse rombo, deve ficar em US$ 50 bilhões no ano — o país será obrigado a buscar no mercado financeiro os US$ 15 bilhões de diferença, um dinheiro considerado altamente volátil e que pode fugir do Brasil caso a crise piore.
"O deficit reflete a falta de poupança doméstica.
O setor público não poupa e as famílias também não. Assim, o país fica obrigado a importar poupança para se financiar", explicou Bruno Lavieri, economista da Tendências Consultoria.
Apenas em dezembro, o deficit nas contas externas foi de US$ 6 bilhões, um buraco 72,76% maior que o registrado em igual mês de 2010.
Parte dessa conta, segundo dados do Banco Central, se deve ao elevado volume de gastos em viagens internacionais, a remessas de lucros por filiais a seus países de origem e a desembolsos pesados no aluguel de equipamentos e fretes de navios.
No ano passado, o setor produtivo brasileiro desembolsou US$ 16,7 bilhões com aluguel de máquinas, o maior montante já registrado pelo BC. Em 2010, esse valor havia sido de US$ 13,7 bilhões.
As despesas com transporte também foram elevadas (US$ 14,1 bilhões), 24,82% mais do que no ano anterior. Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC, admite que o rombo nas contas é grande.
"O retrato das contas externas mostrou deficits significativos, o que evidencia maior demanda dos brasileiros por produtos externos", resumiu.
Maciel, entretanto, tentou amenizar o problema. "O deficit é plenamente financiável", disse. Lavieri também considera a situação, por enquanto, controlável.
Para ele, mesmo com o IED sem capacidade de cobrir o buraco, ainda é possível recorrer ao capital especulativo.
Porém, o ingresso de dólares no país por essa via tem sido cada vez menor.
Segundo especialistas, janeiro foi um mês atípico por registrar US$ 6,6 bilhões positivos de saldo líquido, resultado influenciado por capital destinado à bolsa de valores.
"Isso não deve se repetir." (VM)
Sinal de alerta
Apesar dos bons números de 2011, o buraco nas contas externas
dará trabalho neste ano. Faltarão recursos para financiá-lo (Em US$ bilhões)
Transações correntes
2002 -7,6
2003 4,1
2004 11,6
2005 13,9
2006 13,6
2007 1,5
2008 -28,1
2009 -24,3
2010 -47,3
2011 -52,6
2012 -65,0*
*Projeção
Investimento estrangeiro direto
2002 16,5
2003 10,1
2004 18,1
2005 15,0
2006 18,8
2007 34,5
2008 45,0
2009 25,9
2010 48,5
2011 66,6
2012 50,0*
Fonte: Banco Central
Correio Braziliense
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