O pacote de incentivos anunciado em (01/12) pelo governo coroa um ano em que a tônica da política econômica petista foi de ziguezague.
O país começou 2011 acelerado, viu a inflação decolar, puxou o freio de mão em seguida e reage agora a um resfriamento que começa a se generalizar no setor produtivo. Fomos do ápice ao vale sem saber ao certo aonde se quer chegar.
Tudo em excesso e descalibrado.
As medidas divulgadas ontem representam renúncia fiscal de R$ 7,6 bilhões. Em termos monetários, equivalem um terço da desoneração feita em 2009, no auge (pelo menos até agora) da crise econômica mundial.
O objetivo é incentivar o brasileiro a consumir, receita idêntica à adotada por Lula naquela ocasião. Dará certo agora, num cenário diferente?
O governo teme que, assim como ocorreu em 2009, a economia mergulhe no ano que vem. Neste ano, o crescimento já será, na melhor das hipóteses, igual a apenas metade do que foi em 2010.
No terceiro trimestre, o PIB cresceu no máximo zero ou pode mesmo ter caído - os números oficiais do IBGE sairão na semana que vem.
O pacote inclui redução de imposto para bens de consumo duráveis,
como geladeiras e fogões;
diminuição de IOF sobre operações financeiras;
desoneração de massas e trigo;
e aumento do limite de financiamento para moradias,
no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida.
Junta, pois, alhos com bugalhos.
Para impulsionar a produção brasileira como um todo, nada.
O ministro da Fazenda sintetizou numa frase que pretendia ser de efeito os resultados que busca com suas medidas:
"Você compra uma casa mais barata, um fogão novo e cozinha a massa desonerada de PIS/Cofins.O consumidor brasileiro pode ficar tranquilo, seu emprego está assegurado".
Vê-se como é de longo prazo a visão de Guido Mantega...
Ontem, houve duas reações imediatas às novas medidas:
redução de preços por parte de varejistas e aumento dos juros projetados pelo mercado financeiro.
A leitura que se faz é de que, ao estimular o consumo, o governo tira o espaço da política monetária e, assim, perde a oportunidade de cortar a taxa de juros com mais força, como mostra o Valor Econômico.
Os efeitos mais prováveis das medidas, segundo boa parte dos analistas ouvidos pela imprensa, será a mera antecipação de consumo futuro.
O consumidor corre para aproveitar o imposto menor e leva um fogãozinho novo para casa.
Benefícios duradouros para a economia como um todo?
Nem pensar.
Os estímulos são dirigidos muito mais ao consumo do que ao investimento produtivo.
Nenhuma providência séria para estimular o investimento, a inovação e o ganho de competitividade foi tomada, opina O Estado de S.Paulo em editorial, que classifica o pacote como "medíocre".
Como é praxe na gestão do PT, as medidas atuam sobre setores produtivos muito específicos - aliás, os beneficiados de sempre.
"O que mais chama a atenção nesse tipo de estratégia é o caráter discricionário das medidas. O governo escolhe os vencedores. Determina quem se beneficia", comenta José Júlio Senna no Estadão.
Quem se sai melhor, como sempre, são os setores mais bem organizados e que se mobilizam com maior desenvoltura.
Terminando o primeiro ano da gestão Dilma Rousseff, não se viu até agora um plano estruturado e abrangente capaz de fazer a economia brasileira avançar com persistência.
Continuamos indo aos sobressaltos:
ora é preciso acelerar, ora frear. É como se estivéssemos num carro desgovernado. "O capital político do início do mandato foi queimado sem que se soubesse qual é o projeto do governo", sintetiza Míriam Leitão n'O Globo.
A percepção atual é de que as medidas tomadas no primeiro semestre para segurar a inflação foram fortes em excesso. A economia congelou.
Agora fica a dúvida se os estímulos monetários, de crédito e fiscais que estão sendo ora retomados não colaborarão para manter atiçada a fogueira dos preços - que ninguém é capaz, nesta altura, de garantir que esteja sob controle.
Com as medidas anunciadas ontem de afogadilho, o governo pode até ter conseguido um respiro para os próximos dias ou semanas.
Mas continua sem garantir instrumentos robustos e capazes de sustentar a atividade econômica por tempo mais prolongado.
O curto prazo continua sendo o máximo de horizonte que a gestão petista nos oferece.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
O país começou 2011 acelerado, viu a inflação decolar, puxou o freio de mão em seguida e reage agora a um resfriamento que começa a se generalizar no setor produtivo. Fomos do ápice ao vale sem saber ao certo aonde se quer chegar.
Tudo em excesso e descalibrado.
As medidas divulgadas ontem representam renúncia fiscal de R$ 7,6 bilhões. Em termos monetários, equivalem um terço da desoneração feita em 2009, no auge (pelo menos até agora) da crise econômica mundial.
O objetivo é incentivar o brasileiro a consumir, receita idêntica à adotada por Lula naquela ocasião. Dará certo agora, num cenário diferente?
O governo teme que, assim como ocorreu em 2009, a economia mergulhe no ano que vem. Neste ano, o crescimento já será, na melhor das hipóteses, igual a apenas metade do que foi em 2010.
No terceiro trimestre, o PIB cresceu no máximo zero ou pode mesmo ter caído - os números oficiais do IBGE sairão na semana que vem.
O pacote inclui redução de imposto para bens de consumo duráveis,
como geladeiras e fogões;
diminuição de IOF sobre operações financeiras;
desoneração de massas e trigo;
e aumento do limite de financiamento para moradias,
no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida.
Junta, pois, alhos com bugalhos.
Para impulsionar a produção brasileira como um todo, nada.
O ministro da Fazenda sintetizou numa frase que pretendia ser de efeito os resultados que busca com suas medidas:
"Você compra uma casa mais barata, um fogão novo e cozinha a massa desonerada de PIS/Cofins.O consumidor brasileiro pode ficar tranquilo, seu emprego está assegurado".
Vê-se como é de longo prazo a visão de Guido Mantega...
Ontem, houve duas reações imediatas às novas medidas:
redução de preços por parte de varejistas e aumento dos juros projetados pelo mercado financeiro.
A leitura que se faz é de que, ao estimular o consumo, o governo tira o espaço da política monetária e, assim, perde a oportunidade de cortar a taxa de juros com mais força, como mostra o Valor Econômico.
Os efeitos mais prováveis das medidas, segundo boa parte dos analistas ouvidos pela imprensa, será a mera antecipação de consumo futuro.
O consumidor corre para aproveitar o imposto menor e leva um fogãozinho novo para casa.
Benefícios duradouros para a economia como um todo?
Nem pensar.
Os estímulos são dirigidos muito mais ao consumo do que ao investimento produtivo.
Nenhuma providência séria para estimular o investimento, a inovação e o ganho de competitividade foi tomada, opina O Estado de S.Paulo em editorial, que classifica o pacote como "medíocre".
Como é praxe na gestão do PT, as medidas atuam sobre setores produtivos muito específicos - aliás, os beneficiados de sempre.
"O que mais chama a atenção nesse tipo de estratégia é o caráter discricionário das medidas. O governo escolhe os vencedores. Determina quem se beneficia", comenta José Júlio Senna no Estadão.
Quem se sai melhor, como sempre, são os setores mais bem organizados e que se mobilizam com maior desenvoltura.
Terminando o primeiro ano da gestão Dilma Rousseff, não se viu até agora um plano estruturado e abrangente capaz de fazer a economia brasileira avançar com persistência.
Continuamos indo aos sobressaltos:
ora é preciso acelerar, ora frear. É como se estivéssemos num carro desgovernado. "O capital político do início do mandato foi queimado sem que se soubesse qual é o projeto do governo", sintetiza Míriam Leitão n'O Globo.
A percepção atual é de que as medidas tomadas no primeiro semestre para segurar a inflação foram fortes em excesso. A economia congelou.
Agora fica a dúvida se os estímulos monetários, de crédito e fiscais que estão sendo ora retomados não colaborarão para manter atiçada a fogueira dos preços - que ninguém é capaz, nesta altura, de garantir que esteja sob controle.
Com as medidas anunciadas ontem de afogadilho, o governo pode até ter conseguido um respiro para os próximos dias ou semanas.
Mas continua sem garantir instrumentos robustos e capazes de sustentar a atividade econômica por tempo mais prolongado.
O curto prazo continua sendo o máximo de horizonte que a gestão petista nos oferece.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
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