"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 03, 2011

O CASO JETA/INEP : Sertanejo é dono, só que não manda 'ENEM" sabe onde está o dinheiro?


O músico José Francisco Alves da Silva admite que não administra nem sabe os rumos dos negócios da Jeta, empresa do DF que presta serviços de tecnologia ao Inep, o instituto organizador do Enem.

Brasília e Montes Claros (MG) —
O produtor musical José Francisco Alves da Silva, o Chico Terra, confirmou ontem ter tido o seu nome utilizado na Jeta Soluções em Serviços em Tecnologia da Informação Ltda., sem ter gerência sobre os rumos da empresa.

Em entrevista ao Correio, disse ainda que nem sabe onde está o dinheiro recebido pela Jeta.

A empresa, que também pertence ao cantor Gilvânio Santos Viana Filho, fechou contrato com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) no valor de R$ 6,4 milhões para prestar serviços de segurança da informação.

Segundo ele, o verdadeiro dono seria André Luis Sousa, responsável por duas empresas fantasmas contratadas pelo órgão ligado ao Ministério da Educação no mesmo pregão e denunciadas pelo Correio na terça-feira.


A Monal Informática Ltda. e a DNA Soluções Inteligentes Ltda. foram contratadas para prestar os serviços de clipagem de notícias e de segurança da informação, respectivamente.

Os contratos totalizam R$ 26,5 milhões.

A primeira está no nome de Aristides Monteiro da Silva, de 84 anos, que afirmou desconhecer os contratos, as atividades e até mesmo a localização da empresa. A segunda está no nome da mãe de André.


Chico Terra conta que os dois conheceram o empresário assim que deixaram Montes Claros (MG) e se mudaram para Brasília, há cerca de um ano e meio.

"Ele foi um cara muito bacana. Arrumou até um apartamento (no Gama) para a gente morar por algum tempo", lembra.

Ainda segundo o músico, algum tempo depois, André propôs comprar uma "empresa de gestão empresarial" e registrá-la no nome dos músicos com a finalidade de ajudar a dupla.


O produtor musical teria passado uma procuração, dando amplos poderes ao empresário porque "viaja muito".

"Acho que houve um abuso, uma traição de um amigo que estava ajudando a gente", completou. "Ele falou que a empresa poderia ajudar a gente a gravar o CD, para a gente não ficar pedindo esmola para os outros", completa Gil.


Procurado pela reportagem, André disse que só falaria por meio do advogado. Expedito Júnior, que representa o empresário, diz que o cliente nega qualquer relação com a Jeta e diz não conhecer os músicos.

"Ele não tem amizade com essas pessoas e nunca teve promessa de ajuda", alega. "Essas afirmações são completamente inverídicas, assim como não procedem as informações de que as outras duas são de fachada", afirma.

Expedito Júnior declarou na edição de ontem do Correio que a situação da Monal Informática e da DNA Soluções Inteligentes estão sendo regularizadas na Junta Comercial.


IPVA
Chico Terra afirma que não recebeu nenhum repasse da Jeta. "Nunca recebi um centavo. Nada", sustenta.
Ele relata dificuldades financeiras e diz que não consegue pagar o IPVA do carro, nem transferir o veículo.
"Sou um cantor pobre", afirmou.


Gilvânio, que fazia parte da dupla Gil e Erick e agora tenta carreira solo como Lucas Viana, também afirma viver com pouco dinheiro.

O rapaz de 23 anos tem um Corsa Sedan e ainda paga as prestações de R$ 582. Diz que tem um apartamento em seu nome, mas que na verdade o imóvel é do pai.


R$ 6,4 milhões

Valor do contrato fechado entre a Jeta e o Inep para a prestação de serviços de segurança da informação


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