Fechadas as contas, a diferença entre receitas e despesas externas do país com comércio, serviços, transferências de renda e transferências unilaterais foi negativa em US$ 4,862 bilhões, elevando o déficit acumulado no ano para US$ 33,784 bilhões.
Foi o pior rombo para meses de agosto em 31 anos. Apesar disso, a autoridade monetária revisou para baixo a previsão de déficit para o ano inteiro de 2011.
Em vez de US$ 60 bilhões, a expectativa oficial agora é de que a insuficiência de receita externa para gastos internacionais correntes seja de US$ 54 bilhões.
A revisão foi motivada basicamente pela perspectiva de melhor desempenho da conta de comércio, cujo saldo foi positivo em US$ 19,976 bilhões.
A nova projeção indica saldo comercial de US$ 29 bilhões este ano e não mais em US$ 20 bilhões apenas, principalmente pela melhora das exportações. A receita de vendas externas, antes projetada em US$ 250 bilhões, deverá chegar a US$ 258 bilhões.
O volume previsto de importações, por sua vez, caiu US$ 1 bilhão, para US$ 229 bilhões.
Ao justificar a melhora de cenário para a balança comercial, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, destacou que, de janeiro a agosto, o preço médio das exportações brasileiras cresceu cerca de 27% sobre igual período de 2010.
O BC também levou em conta o crescimento de 31% do volume exportado no terceiro trimestre deste ano, ante iguais meses do ano anterior. A projeção para o ano também já leva em consideração que esse ritmo não se manterá no quarto trimestre, esclareceu.
Um dos fatores que pressionou o déficit em transações correntes de agosto foram as remessas líquidas de lucros e dividendos ao exterior. Essas despesas chegaram a US$ 5,109 bilhões no mês, ante US$ 2,511 bilhões de em agosto de 2010.
No ano, chegam US$ 25,699 bilhões, mais do que os US$ 19,281 bilhões de igual período do ano passado.
Os gastos com viagens internacionais também vieram acima do esperado e somaram US$ 1,297 bilhões no mês, elevando o valor acumulado desde janeiro para US$ 9,818 bilhões. No entanto, os números parciais de setembro indicam desaceleração em ambos os casos, informou Maciel.
Até dia 23, o Banco Central apurou remessas de lucros e dividendos em torno de US$ 1,023 bilhão e despesas de US$ 969 milhões com viagens ao exterior, já descontadas as respectivas receitas.
O chefe do Depec concorda que a subida da cotação da moeda americana influenciou a queda desses gastos em setembro. Mas, sobretudo no caso das viagens, diz que há também redução sazonal.
A expectativa do Banco Central é de que os gastos com lucros e dividendos cheguem a US$ 38 bilhões em 2011, US$ 1 bilhão a mais do que projetava até então. Maciel lembra que é natural a elevação dessas remessas diante do crescimento do estoque de investimentos estrangeiros diretos (IED) no país.
Do início do ano até dia 23, o fluxo de IED atingiu US$ 48,485 bilhões e deve chegar a US$ 60 bilhões até dezembro, calcula o BC.
Dos US$ 5,1 bilhões gastos em agosto com lucros e dividendos, US$ 3,584 bilhões referem-se a remuneração desse tipo de investimento, que gera produção, emprego e renda no país, destaca Maciel.
As despesas externas do país com aluguel de equipamentos também foram expressivas, chegando a US$ 1,398 bilhão, Mas cresceram apenas 9,4% sobre igual mês de 2010.
Os gastos líquidos com transporte, em geral associados ao comércio exterior, foram de US$ 813 milhões, mas cresceram 43,6% na comparação com agosto de 2010.
Monica Izaguirre e Murilo Rodrigues Alves |Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário