A redução da mistura do etanol anidro na gasolina deve significar a necessidade de importação de cerca de 1 bilhão de litros de gasolina "A" para abastecer o mercado nos seis meses que vão de outubro até abril do ano que vem.
Com o produto importado custando cerca de R$ 0,21 centavos por litro mais caro do que a gasolina na refinaria no Brasil, o mercado calcula que a Petrobras pode ter um prejuízo de cerca de R$ 200 milhões para importar esse volume adicional de gasolina.
As perdas podem não parar por aí.
A avaliação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) é de que provavelmente o governo deve reduzir o peso da Cide (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico), que hoje incide em R$ 0,23 por litro de gasolina "A".
"Isso deve ocorrer para equiparar o preço da gasolina ao do anidro, de forma a não causar aumento da gasolina ao consumidor final", diz o presidente-executivo do Sindicom, Alísio Vaz.
Segundo cálculos do mercado, se essa equiparação ocorrer, ela vai significar redução da incidência da Cide em R$ 0,07 a R$ 0,08 por litro de gasolina.
Com isso, o governo deixaria de arrecadar em torno de R$ 80 milhões com os cerca de 1 bilhão de litros que migrará do anidro para o combustível fóssil.
Em todo ano de 2010, o país importou 505 milhões de litros de gasolina com um custo total de US$ 284,7 milhões, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
De janeiro a julho deste ano foram 413 milhões de litros, segundo a mesma fonte, a um custo de US$ 330,3 milhões.
Apesar da conta negativa, o governo preferiu deixar na mão da Petrobras a responsabilidade pelo abastecimento de etanol.
Em abril deste ano, entressafra da cana-de-açúcar, a relação do governo com usineiros ficou desgastada por causa da extrema escassez de etanol no mercado, que fez os preços do biocombustível (anidro) dispararem até atingirem o pico de R$ 2,72 em 20 de abril na usina em São Paulo, segundo o Cepea/Esalq.
Na semana passada, os preços ficaram em R$ 1,43 por litro, já acima dos R$ 0,96 registrados em igual período de 2010.
Ontem, sob o impacto da notícia de redução da mistura do anidro na gasolina de 25% para 20%, o preços caíram R$ 0,30 por litro, segundo levantamento da SCA Trading, a maior comercializadora de etanol do país.
Assim, a opção de reduzir a mistura por tempo indeterminado ocorreu mesmo com o comprometimento recente das usinas sucroalcooleiras de que garantiriam o abastecimento.
Duas medidas vinham sendo tomadas pelas indústrias desde o início da safra, em maio. Uma delas foi o aumento da produção de anidro que até agora está 15% maior do que em igual intervalo da safra passada, mesmo com a forte quebra da produção de cana, que deve superar 10%.
A segunda medida foi a importação de etanol dos Estados Unidos, cujos contratos neste momento chegam a 500 milhões de litros de anidro, com desembarque previsto entre setembro e abril de 2012, segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).
O presidente da entidade, Marcos Jank, disse ontem que por causa da antecipação da redução da mistura (que para os usineiros deveria ocorrer em 1º de novembro com o fim da safra e não em 1º de outubro, como decidiu o governo) é possível que parte dessa importação de etanol já contratada seja "desnecessária".
Essa questão tem duas soluções possíveis, diz Tarcilo Rodrigues, diretor da comercializadora de etanol Bioagência.
A primeira é o direcionamento do caldo da cana que iria para a produção de anidro para o hidratado (que abastece diretamente os veículos).
"Outra opção, caso seja necessário, é o cancelamento das importações, cujo contratos oferecerem essa opção", diz Rodrigues.
Ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou a safra 2011/12 no Brasil em 588,9 milhões de toneladas, 5,6% menor que o registrado na safra passada (623,9 milhões de toneladas).
Fabiana Batista |Valor Econômico
Petrobras já importou 3,1 milhões de barris do combustível até agosto
De janeiro a agosto a estatal importou 3,1 milhões de barris, o que equivale a 492,9 milhões de litros em oito meses. Como as estimativas do mercado apontam que será necessário 1 bilhão de litros extras para cumprir a redução da participação de álcool anidro na gasolina de 25% para 20%, o volume representa o dobro do que foi importado até agora.
A necessidade de aumentar as importações de gasolina é mais um revés para a Petrobras, que não aumenta os preços desde 2009. Na avaliação do economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), a perda para a companhia passa a ser dupla.
"Mais uma vez o governo está usando a Petrobras para atender projetos políticos",
Com o produto importado custando cerca de R$ 0,21 centavos por litro mais caro do que a gasolina na refinaria no Brasil, o mercado calcula que a Petrobras pode ter um prejuízo de cerca de R$ 200 milhões para importar esse volume adicional de gasolina.
As perdas podem não parar por aí.
A avaliação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) é de que provavelmente o governo deve reduzir o peso da Cide (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico), que hoje incide em R$ 0,23 por litro de gasolina "A".
"Isso deve ocorrer para equiparar o preço da gasolina ao do anidro, de forma a não causar aumento da gasolina ao consumidor final", diz o presidente-executivo do Sindicom, Alísio Vaz.
Segundo cálculos do mercado, se essa equiparação ocorrer, ela vai significar redução da incidência da Cide em R$ 0,07 a R$ 0,08 por litro de gasolina.
Com isso, o governo deixaria de arrecadar em torno de R$ 80 milhões com os cerca de 1 bilhão de litros que migrará do anidro para o combustível fóssil.
Em todo ano de 2010, o país importou 505 milhões de litros de gasolina com um custo total de US$ 284,7 milhões, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
De janeiro a julho deste ano foram 413 milhões de litros, segundo a mesma fonte, a um custo de US$ 330,3 milhões.
Apesar da conta negativa, o governo preferiu deixar na mão da Petrobras a responsabilidade pelo abastecimento de etanol.
Em abril deste ano, entressafra da cana-de-açúcar, a relação do governo com usineiros ficou desgastada por causa da extrema escassez de etanol no mercado, que fez os preços do biocombustível (anidro) dispararem até atingirem o pico de R$ 2,72 em 20 de abril na usina em São Paulo, segundo o Cepea/Esalq.
Na semana passada, os preços ficaram em R$ 1,43 por litro, já acima dos R$ 0,96 registrados em igual período de 2010.
Ontem, sob o impacto da notícia de redução da mistura do anidro na gasolina de 25% para 20%, o preços caíram R$ 0,30 por litro, segundo levantamento da SCA Trading, a maior comercializadora de etanol do país.
Assim, a opção de reduzir a mistura por tempo indeterminado ocorreu mesmo com o comprometimento recente das usinas sucroalcooleiras de que garantiriam o abastecimento.
Duas medidas vinham sendo tomadas pelas indústrias desde o início da safra, em maio. Uma delas foi o aumento da produção de anidro que até agora está 15% maior do que em igual intervalo da safra passada, mesmo com a forte quebra da produção de cana, que deve superar 10%.
A segunda medida foi a importação de etanol dos Estados Unidos, cujos contratos neste momento chegam a 500 milhões de litros de anidro, com desembarque previsto entre setembro e abril de 2012, segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).
O presidente da entidade, Marcos Jank, disse ontem que por causa da antecipação da redução da mistura (que para os usineiros deveria ocorrer em 1º de novembro com o fim da safra e não em 1º de outubro, como decidiu o governo) é possível que parte dessa importação de etanol já contratada seja "desnecessária".
Essa questão tem duas soluções possíveis, diz Tarcilo Rodrigues, diretor da comercializadora de etanol Bioagência.
A primeira é o direcionamento do caldo da cana que iria para a produção de anidro para o hidratado (que abastece diretamente os veículos).
"Outra opção, caso seja necessário, é o cancelamento das importações, cujo contratos oferecerem essa opção", diz Rodrigues.
Ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou a safra 2011/12 no Brasil em 588,9 milhões de toneladas, 5,6% menor que o registrado na safra passada (623,9 milhões de toneladas).
Fabiana Batista |Valor Econômico
Petrobras já importou 3,1 milhões de barris do combustível até agosto
De janeiro a agosto a estatal importou 3,1 milhões de barris, o que equivale a 492,9 milhões de litros em oito meses. Como as estimativas do mercado apontam que será necessário 1 bilhão de litros extras para cumprir a redução da participação de álcool anidro na gasolina de 25% para 20%, o volume representa o dobro do que foi importado até agora.
A necessidade de aumentar as importações de gasolina é mais um revés para a Petrobras, que não aumenta os preços desde 2009. Na avaliação do economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), a perda para a companhia passa a ser dupla.
"Mais uma vez o governo está usando a Petrobras para atender projetos políticos",
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