"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 22, 2011

NO "PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA" O LEÃO É MAIS MANSO COM O SALÁRIO MAIS ALTO.

No país onde o contribuinte trabalha mais de quatro meses só para pagar impostos, as distorções saltam aos olhos.

Os trabalhadores com salários mais altos recebem uma mordida do Imposto de Renda (IR) menor do aqueles que ganham menos, o que torna o Brasil um ponto fora da curva na comparação com nações emergentes e desenvolvidas.
Segundo levantamento da Consultoria UHY Internacional, com sede em Londres, um profissional que recebe até US$ 25 mil por ano (R$ 3,3 mil por mês) no Brasil embolsa, depois do pagamento de IR e da Previdência Social, 84% do seu rendimento.

Já os que ganham US$ 200 mil por ano (R$ 26,6 mil mensais), ficam com 74% do ganho bruto. Essa diferença de 10 pontos é uma das menores entre 20 países pesquisados.
Ou seja, os trabalhadores brasileiros de alta renda têm saldo líquido maior do que italianos, americanos, holandeses, alemães e japoneses.


"Parece até haver erro no levantamento, uma vez que o Brasil é o país com uma das maiores cargas tributárias do mundo, mas as distorções ocorrem em outros impostos que são cobrados indiretamente ou em cascata e que não são contabilizados na pesquisa", explicou o presidente da UHY Moreira-Auditores, Paulo Moreira.

"A percepção de que os descontos do IR são baixos no Brasil é eficaz para trazer bons talentos para o país, como os profissionais recentemente contratados, principalmente, por empresas do setor de petróleo e gás. Eles se sentem menos tributados", comentou.

Injustiça
No entanto, a realidade vem à tona rapidamente quando se instalam em território nacional. "Nessa hora, eles só descobrem que a carga tributária e os custos são maiores, especialmente quando começam a pagar a conta de luz, o telefone e a consumir no país", acrescentou.

O advogado tributarista Ilan Gorin ressaltou que, apesar de ser progressivo, com alíquotas maiores para quem ganham mais, o Imposto de Renda não reflete uma justiça para os salários menores.

"Se contabilizamos tributos que não têm alíquotas diferenciadas, como IPI (Imposto sobre Produto Industrializado), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), os profissionais de renda mais baixa pagam muito mais imposto proporcionalmente sobre o salário do que aqueles com altos rendimentos", destacou.

Rosana Hessel/Correio Braziliense


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