"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 02, 2011

JESUS ME CHICOTEIA E ME FAZ AJOELHAR NO MILHO: UM GOVERNO À ESPERA DA FRENÉTICA E EXTRAORDINÁRIA.

A pergunta padrão do momento nos gabinetes do poder reproduz a questão em alta no mercado financeiro e a dúvida em voga entre os empresários:
Antonio Palocci, ministro-chefe da Casa Civil da Presidência, fiador do governo Dilma para boa parte desse público neoperplexo, ponte confiável para a ampla aliança partidária no trânsito entre o Legislativo e o Executivo, fica ou sai do governo?

Desprezemos o testemunho dos que garantem que ele não sairá porque não há substitutos.


Bobagem, sempre os há.
E os nomes mais óbvios já estão há muito declamados por petistas:
Paulo Bernardo,
Fernando Pimentel,
Jaques Wagner,
Luciano Coutinho (com reforço na coordenação política),
Alexandre Padilha, empresário gaúcho amigo (com outra vocação ao posto), o ex-presidente Lula (numa troca possível mas pouco provável de papéis), enfim, um mundo de possibilidades.

Tantas, e nenhuma, por enquanto, pois a presidente ainda está naquela fase de esperar que uma solução caia dos céus.


A questão a que se deve dar sentido é se haverá alguma diferença em ter ou não Palocci no governo.

A resposta, por enquanto, é também não.

Enfraquecido e sofrendo a desconfiança generalizada de que há algo por trás dessa fumaça que lhe cobre o rosto e que ele teima em não dissipar, já está.
A descoberta sobre os valores que o ministro acha ou não importante preservar abalou também o conjunto do governo, levando à vertigem a própria presidente.

A intervenção de Lula em dois Poderes de uma só vez, o Executivo e o Legislativo, desequilibrou ainda mais a presidente e mostrou que, se já volta agora às rédeas do poder, mais ainda daqui a três anos e sete meses, o que cristaliza a tese de que o atual é mesmo um mandato tampão.


Independe da sorte de Palocci, porém, a constatação de que o governo Dilma foi mal construído e funciona precariamente, a mudança exige mais que a troca de uma peça.
Até mesmo em comparação com o governo Lula, e fiquemos apenas nesse, da mesma estirpe, do qual foi parte importante.


O ex-presidente Lula nomeou líderes fortes, cada um com sua vocação e instrumentos, para ajudá-lo na política.
Não significa que tenha feito um bom governo. Sem juízo de valor, armou-se das chances políticas.


José Dirceu, na Casa Civil, fazia a coordenação política maior, tendo como tinha o controle do PT e o acesso privilegiado ao PMDB, o maior partido do Congresso que levou para perto do governo.

Luiz Gushiken teve a missão de ser um ministro forte e poderoso para atuar na forte e poderosa área de Comunicação. Gilberto Carvalho foi a ponte com a Igreja, os movimentos sociais e sindicatos.


Na liderança da política econômica, Lula colocou Antonio Palocci, já apoiado pelo mercado e empresários aos primeiros acordes da campanha eleitoral, desde a Carta aos Brasileiros que amarrou o compromisso do petismo com a estabilização.

Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, atuou mais na articulação política que qualquer coordenador formal, e deu sustentação jurídica a todo o governo.

Nelson Jobim levou para Lula as vantagens do seu acesso ao Supremo Tribunal Federal e garantiu-lhe uma tranquilidade ímpar no seu relacionamento com os militares.
Jobim implantou para valer o Ministério da Defesa.


A coordenação política formal foi exercida por sucessivos políticos de peso, de Aldo Rebelo, ex-presidente da Câmara, aos jeitosos mineiro Walfrido dos Mares Guia e o baiano Jaques Wagner.

No fim, quando o governo Lula já estava desfigurado e restavam em cena o presidente e sua voz, a tarefa da política foi entregue a Alexandre Padilha, um médico neófito no exercício do poder que fez um varejo bem sucedido na articulação com o Congresso.


No governo Dilma Rousseff não há esse tipo de peças no jogo.
José Eduardo Cardoso, ministro da Justiça, está realizando um trabalho interno de gestão, mais afeito à tarefa de secretário-executivo.
Alexandre Padilha ficou com a área da Saúde, missão acachapante que não permite desvio do foco.

A articulação formal com o Congresso foi entregue a um deputado do PT sem maior expressão ou acesso aos partidos, Luiz Sérgio.
Fernando Pimentel assumiu como ministro forte o Desenvolvimento. Amigo da presidente, acesso total à política, mas em litígio com seu partido, o PT, em Minas, optou pela discrição.


Em três áreas importantes a presidente teve que engolir ministros impostos, e em duas delas vem tendo que dirimir conflitos.
Lula pediu para deixar Guido Mantega no Ministério da Fazenda, posto para o qual Dilma já havia escolhido nome de sua confiança e predileção, e Fernando Haddad, para quem o ex-presidente quis manter a vitrine da Educação para garantir chance de disputa eleitoral em 2012.
Plano, aliás, que não decola, a gestão do Ministério da Educação é uma sucessão de problemas.


Lula pediu, também, a manutenção de Nelson Jobim no Ministério da Defesa. Foi o apelo que Dilma recebeu pior, ela o identifica com adversários políticos, mas é, hoje, a autoridade que melhor atua politicamente para seu governo.

A última proeza de Jobim foi negociar, discretamente e com sucesso, entre o Executivo e o Legislativo, um dos impasses mais intrincados na sua área, a Comissão da Verdade.
A presidente não teve oportunidade de tomar conhecimento da desenvoltura do seu ministro.

(...)
O governo, no entanto, não dá respostas e não tem como:
está despreparado estrutural e funcionalmente.
Defenestrar só o ministro atingido não é garantia de que o governo sairá da paralisia e voltará a funcionar.
É necessário muito mais.


Rosângela Bittar é chefe da Redação, em Brasília. Escreve às quartas-feiras

Um comentário:

Anônimo disse...

É muito pior do que se imagina. A praga das "consultorias de petistas" está chegando com força nos municípios. Na prefeitura petista de Maricá, Zé Dirceu botou dois braços: MARCELO SERENO e MARIA HELENA ALVES OLIVEIRA, que já “trabalhou” com LINDBERGH FARIAS, em Nova Iguaçu. Os dois secretários têm CONSULTORIAS no ramo: ele é secretário de Indústria, Petróleo e Comércio; ela, secretária de fazenda, e interina em mais 4 secretarias estratégicas. Quaquá, o prefeito, tem 5 pedidos de CPIs, e dez processos no MP, por diversos motivos. Maria Helena veio de Manaus, onde é processada pelo vereador Marcelo Ramos, por direcionar licitações em favor da empresa da família – a DSF. Em Maricá, assinou contratos milionários com DELTA S/A, HOPE CONSULTORIA, CONTROLLER CONSULTORIA, DBseller, PEÇA OIL DISTRIBUIDORA, ENGEBIO, entre outras. Com a EASY CAR, que é de Brasília, assinou contrato de 580 mil reais, pra aluguel de 6 carros, por 1 mês. Com a LUXOR (que prestou serviços à prefeitura de CAMPINAS), assinou contrato para reforma de prédio, por 11 milhões – subsidiado pelo BNDES. Quaquá pretende vender 150 mil de área preservada para grupo árabe! Socorro! Marica pede socorro!

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http://lilicarabinabr.blogspot.com/2011/06/jogada-das-conultoria-no-brasil-e-em.html

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