"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 23, 2011

DESCASO NA MÃO DE OBRA E INFRAESTRUTURA : OS BONS "POBREMA" DA FRENÉTICA E EXTRAORDINÁRIA NO SEU "GOVERNO" TORPE.

A escassez de mão de obra revelada por estudo da Consultoria Manpower não constitui surpresa nem para o governo nem para empresários.
Talvez não esperassem que o número fosse tão alto. Segundo a pesquisa, 57% das organizações enfrentam dificuldade na hora de preencher vagas.

A escassez não se restringe a quadros altamente qualificados.
Atinge também funções básicas — motoristas, secretárias, contadores, operadores de produção e representantes de vendas.
É o pior dos mundos.

Pessoas buscam colocação.
Mas, incapazes de entender um manual de instruções ou de manejar máquinas minimamente sofisticadas, perdem a oportunidade de entrar no mercado formal de trabalho.
Formam, então, um exército de desocupados que, para sobreviver, são obrigados a se dedicar a bicos.
Ficam à margem dos benefícios assegurados pela legislação trabalhista e pelos avanços da civilização.
Em suma: reproduzem a pobreza.

O colapso da mão de obra acompanha o da infraestrutura e tem a mesma raiz. Sem planejamento de longo prazo, o país não se preparou para crescer. Estradas, portos, aeroportos, energia, logística de armazenagem e transporte não mereceram a atenção necessária para enfrentar os desafios previsíveis.

A “década perdida”, como são chamados os anos 1980, contribuiu para a imprevidência. O que se tinha era suficiente para o gasto de uma economia praticamente estagnada.

Técnicos e demais profissionais existentes respondiam às necessidades do mercado. Sem pressão de demanda, cursos profissionalizantes ficaram em segundo ou terceiro plano.
A corrida se concentrou no patamar superior, cujas portas se escancaram sem preocupação com investimentos na excelência.
O ensino básico, calcanhar de aquiles nacional, tampouco mereceu a atenção devida.
(...)
Os números indignam e assustam.
Ao concluir o ensino básico, 62% dos brasileiros leem mal e não entendem o enunciado; 89% deles são incapazes de fazer as quatro operações. Nada menos que 14 milhões de adultos engordam as estatísticas dos analfabetos.

O fiasco ultrapassou as fronteiras nacionais.
Entre os 65 países avaliados pelo Pisa (o mais respeitado teste comparativo do desempenho escolar), O Brasil aparece em 53ª lugar.

É este país — que precisa desesperadamente melhorar a qualidade do ensino público para poder crescer — que se dá ao luxo de adotar livro didático com ensinamentos heterodoxos.
“Os livro” e “nós pega o peixe”, segundo a obra, são corretos embora sujeitos a preconceitos linguísticos.
O Ministério da Educação, ao abonar a tese, condena os jovens à ingnorância e à medicocridade — incapazes de disputar uma do milhão de vagas existentes. Perdem eles. Perde o país.

Correio Braziliense

Nenhum comentário: