"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 06, 2011

PETROBRAS, DÍVIDAS : R$ 46 bi A BANCOS OFICIAIS.

A relação entre a Petrobrás e os bancos públicos nunca foi tão próxima.
A estatal terminou 2010 com uma dívida líquida recorde de R$ 46,3 bilhões com BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, revelam dados coletados pelo pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Mansueto de Almeida, no balanço mais recente divulgado pela empresa.
Foto: Getty Images

Esse montante respondeu por quase 40% do endividamento total da estatal, que chegou a R$ 117,9 bilhões em 2010.
O levantamento demonstra um crescimento exponencial da dívida da Petrobrás com BNDES, BB e Caixa nos últimos três anos.
Em 2006, a companhia tinha crédito a receber de R$ 2,55 bilhões com os bancos públicos.

(...)
Com a descoberta do pré-sal, a Petrobrás elevou o endividamento até o limite para manter sua classificação como grau de investimento pelas agências de rating.


Crise global.

A dependência da estatal em relação aos bancos públicos cresceu na crise global. A turbulência secou o mercado de capitais e pegou a Petrobrás em ritmo acelerado de investimentos.


O governo modificou as leis para permitir que a estatal tivesse acesso a crédito no Brasil e mobilizou seus bancos.

Tradicional financiadora de habitação e saneamento, a Caixa chegou a criar uma área de petróleo.

Na prática, é quase como se o dinheiro saísse do Tesouro direto para o caixa da Petrobrás, explicam os especialistas.


Para garantir a capacidade de empréstimos do bancos públicos, o Tesouro fez aportes no BNDES e na Caixa.
Na semana passada, o Ministério da Fazenda anunciou um novo empréstimo de R$ 55 bilhões ao BNDES.


O problema é que a dívida da Petrobrás com os bancos públicos não caiu após a crise.
Boa parte dos empréstimos são de longo prazo e vão se estender pelos próximos 20 anos.


E mesmo linhas de curto prazo têm sido renovadas.
Em 2010, a Caixa emprestou mais R$ 2 bilhões à Petrobrás.
"A estatal não está numa situação confortável o suficiente para abrir mão dos empréstimos internos", diz Almeida.


BNDES.


Entre os bancos públicos, o BNDES é o maior credor da Petrobrás.

O balanço de 2010 da petroleira apontava uma dívida líquida de R$ 36,3 bilhões com o banco.
É seguido pela Caixa, com R$ 5,66 bilhões, e pelo Banco do Brasil, com R$ 4,35 bilhões.

Os três bancos informaram que não comentam os empréstimos em respeito ao sigilo fiscal.
O BNDES também tem R$ 18,7 bilhões em ações da Petrobrás pelo seu braço de investimentos, a BNDESPar, e, graças a uma manobra do governo para reforçar o caixa, participou com R$ 24,75 bilhões da capitalização da estatal.

Somados aos empréstimos, a exposição do BNDES à Petrobrás chega a R$ 80 bilhões.
Segundo a assessoria de imprensa do BNDES, os empréstimos à Petrobrás não comprometem a capacidade de crédito do banco.
A participação das pequenas e médias empresas nos empréstimos subiu de 17,5% do total em 2009 para 27% em 2010.

Continua/Íntegra...

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