"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 21, 2011

“o poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente”(lord Acton).

A teoria do inglês lord Acton (1834-1902), segundo a qual “o poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente”, foi simplificada por José Saramago, em seu livro póstumo,

As palavras de Saramago:
“O poder não precisa ser absoluto para corromper absolutamente”.

Acton é o passado.
Saramago viveu 2009, ano de escândalos financeiros nos EUA, entre os quais, sem falar dos bancos, o do especulador trapaceiro que roubou bilhões de dólares dos investidores, prometendo-lhes que ficariam fantasticamente ricos, em pouco tempo.


Nesse entretempo, o trapaceiro foi condenado a dois séculos de prisão. A legislação penal americana — ao contrário da brasileira, mais leniente na punição do crime, cuja pena máxima é de 30 anos — não permite saídas natalinas da prisão, por bom comportamento, nem dá outras regalias aos prisioneiros. Eis uma diferença entre duas democracias: Brasil e EUA.

Dir-se-ia que nossa legislação penal foi feita por traficantes de drogas, criminosos de colarinho branco ou bandidos ricos. A ideia de que o crime não compensa, hoje, é mentirosa no país.
O número de criminosos soltos é espantoso.
O grupo de 40 pessoas, que o Ministério Público chamou de quadrilha do mensalão, até hoje não foi julgado.


Não se trata de promover uma raivosa caça às bruxas, nem de endurecer as leis penais especialmente para essa gente, mas de cumprir a legislação em vigor, sem truques que soltem a bandidagem facilmente.

Sob esse aspecto, é importante pôr o Brasil nos trilhos do direito, para que brasileiro algum, respeitador da lei penal, não se arrependa, um dia, de sê-lo.

O povo propôs e aprovou a Lei da Ficha Limpa na política. Por certo, ele faria o mesmo para acabar com o que lhe parece exagero de tolerância, nas violações cotidianas dos limites legais e não só da lei penal.
Da mesma forma, ele não hesitaria em fazer uma grande marcha nacional, rumo ao ponto em que o Brasil, no plano ético, passasse da barbárie à civilização.

Essa arrancada civilizatória é a meta que qualquer governo democrático busca alcançar ou se empenha em manter.
Tentar esses mares, antes que um tsunami os revolva, não é fantasia.

Rubem Azevedo Lima Correio Braziliense
Poder absoluto e tsunami

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