"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 08, 2010

DIA 03/OUTUBRO É DIA DE ELEGER PRESIDENTE E NÃO O MUTISMO, A MARIONETE OU A "COISA" DE VENTRÍLUQUO,

Ontem, dia da Independência do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocupou 2min15s de tempo de TV para se dirigir aos telespectadores.

De terno, gravata e distintivo com a bandeira nacional na lapela, poderia facilmente levar ouvintes incautos a pensar que se tratava de um pronunciamento oficial, algo corriqueiro na mais importante data cívica do calendário brasileiro.

Mas, não: Lula foi à TV fazer política eleitoral e defender a candidata do PT à presidência da República.

Fez papel de ventríloquo.

Lula ocupou o horário eleitoral de Dilma Rousseff para falar do escândalo da quebra continuada de sigilos fiscais perpetrada por petistas lotados na Receita Federal.

Mas não disse uma mísera palavra sobre o caso em si.

Não lamentou o fato de alguns milhares de brasileiros estarem sendo vítimas de devassas ilegais, algo constatado pela própria Receita.

Não teceu qualquer comentário sobre o fato de o órgão ter se transformado num "simples balcão de negócios", onde vazamentos são rotina, conforme disse o ministro da Fazenda do governo dele.

Lula preocupou-se unicamente em falar pela sua candidata, livrá-la do contraditório, protegê-la de contestações.

Para isso, usou no seu pronunciamento uma série de tapeações para levar seus ouvintes a crer que a oposição, ao bater-se contra as ilegalidades produzidas por petistas incrustados no aparato estatal, apela para "baixarias", "mentiras", "calúnias".

Coroou o logro dizendo que o que fazem os oposicionistas é "um crime contra a mulher brasileira".

Aí é que reside o ponto: onde está a mulher que quer ser presidente da nação que até agora não disse uma palavra a respeito de um dos maiores escândalos recentes do país?

Por que não vem a público para se pronunciar e condenar os aloprados - da Receita e de muitas outras repartições estatais - que agem contra os cidadãos e os transformam em vítimas da bisbilhotice mal intencionada?

Por que se mantém muda?

Se Dilma não tem condições de manifestar-se numa situação destas, é de se pensar no que pode ocorrer se um dia vier a se sentar na cadeira presidencial e o Brasil se vir diante de uma crise sem precedentes, de um incidente diplomático, de uma emergência inapelável.

Recorrerá ao seu mentor, ao eterno guia?

É difícil saber o que é mais deplorável em todo este episódio: se a pusilanimidade e flagrante inapetência da candidata do PT ou a postura nada republicana de Lula.

Não é de hoje que Lula age desbragadamente como presidente de uma facção e não como presidente de todos os brasileiros.

(...)
Lula fala muito para deixar que sua pupila mantenha-se calada.
É ilustrativo que a candidata do PT agora sequer entrevistas conceda.

Atrás de púlpitos, protege-se de perguntas incômodas - a debates, como o de hoje na TV Gazeta, há muito deixou de ir.

Para não falar, alega-se afônica em razão de compromissos eleitorais.

Mas mais correto seria sublinhar seu mutismo, simbólico do que o país pode esperar caso ela saia-se vencedora da votação de outubro.

Vamos às urnas daqui a 25 dias para eleger um presidente, não marionetes.

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