"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 28, 2010

CAPITALIZAÇÃO : PETROBRÁS APENAS RECUPERA O SEU VALOR.

Muito comemorado pelo governo, o aporte de R$ 120 bilhões na capitalização da Petrobrás foi suficiente apenas para que a companhia recuperasse a perda de valor de mercado acumulada desde o início do ano na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Com a emissão de novas ações, a estatal espera atingir R$ 362,8 bilhões, ou somente R$ 15 bilhões a mais do que valia no fim de dezembro.

Em seis meses, desde então, o valor de mercado despencou 26%, até atingir os R$ 256,6 bilhões no fim de junho, segundo dados do balanço da empresa.

Foi a segunda maior queda no mercado global, atrás apenas da BP, que sofreu as consequências do vazamento de petróleo no Golfo do México.

Segundo analistas, o mau desempenho dos papéis da Petrobrás pode ser atribuído às incertezas que precederam a emissão de novas ações.

"O governo conduziu o processo (de capitalização) de maneira tão politizada que o mercado respondeu, vendendo ações da companhia", comentou o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Uma grande baixa nesse período foi a decisão do megainvestidor George Soros, de se desfazer das ações da estatal, considerada uma de suas principais apostas.

O valor de mercado projetado pela Petrobrás após a capitalização é 20,6% inferior ao recorde atingido pela companhia, no fim de junho de 2008, de R$ 457,4 bilhões.

Naquela época, porém, o mercado vivia a euforia que culminou com a crise global. O preço do petróleo, por exemplo, superou os US$ 150 por barril.

Depois de colocar R$ 74 bilhões na capitalização, o governo sai com um patrimônio inferior ao que tinha naquele período, quando a fatia de 39% nas ações (incluindo o BNDES) valia R$ 178,3 bilhões.

Hoje, com 48%, tem R$ 173,7 bilhões. Na comparação com dezembro, a parcela da União na Petrobrás cresceu R$ 35 bilhões, menos da metade do aporte feito na capitalização.

Ontem, as ações da Petrobrás continuaram com forte volatilidade na Bovespa: terminaram a manhã em queda, mas se recuperaram à tarde.
No fim do pregão, os papéis preferenciais subiram 0,76% e os ordinários (com direito a voto), 2,02%.

Analistas do mercado financeiro consultados pelo Estado, porém, minimizaram a desvalorização dos papéis no último ano, afirmando que o cenário é pontual e influenciado diretamente pelo processo de capitalização.

Em média, o preço-alvo estimado para as ações da estatal até o fim do ano, segundo relatórios de bancos de investimento, supera os R$ 50, mesmo valor que a companhia atingiu pouco antes da crise internacional, em 2008.

Pires, do CBIE, porém, condiciona a recuperação das ações da empresa aos primeiros passos do próximo governo em relação à gestão do setor de petróleo.

Nicola Pamplona, Kelly Lima O Estado de S. Paulo

COLABOROU SUELI CAMPO

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