"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 04, 2010

NO ANO ELEITORAL APOTEÓTICO CAMUFLADO, A HERANÇA MALDITA DE UM FUTURO CONTRATADO.


Panorama Econômico - Míriam Leitão

A produção industrial caiu 2% no segundo trimestre, mais do que a previsão de vários economistas.


Mas isso não é problema.


A projeção mais comum continua sendo a de que o país vai crescer em torno de 7%.

O número bonito no entanto esconde alguns desequilíbrios: os gastos públicos aumentaram, o déficit em conta corrente cresceu e consultorias apontam perda de qualidade da política monetária.

A MB Associados afirmou em relatório que o país começa a entrar em desequilíbrio macroeconômico.

Diz que está em estágio incipiente, mas aponta piora nas políticas monetária, fiscal e um déficit crescente nas nossas contas externas.

Parece exagero falar isso se a mesma consultoria projeta crescimento de 7% do PIB; 11,8% da indústria; e 9,9% do comércio este ano.

Parte da explicação para o desacordo entre os números bons e o diagnóstico ruim está no carregamento estatístico.

As indicações de políticas monetária e fiscal e as contas do setor externo sinalizam a necessidade de novas medidas de ajuste na economia, que deveriam vir com o próximo presidente.

Enfatizamos que esse cenário de desequilíbrio trará consequências negativas no longo prazo, enquanto no curto prazo o crescimento continuará ocorrendo, disse a MB Associados.
(...)
O principal problema é que o déficit está crescendo de forma muito forte.

Financiar quase US$ 100 bilhões por ano não será trivial, disse o economista Sérgio Vale, da MB.

A questão fiscal será uma herança negativa para o próximo governo. Quem assumir terá que aumentar a poupança do setor público para diminuir o déficit em conta corrente.

Ele explica que a dívida bruta saltou de 55% do PIB antes da crise internacional, em setembro de 2008, para 60,1% em junho deste ano.

E chegou a bater em 64% em janeiro.
(...)
As projeções de crescimento do PIB estão camuflando políticas econômicas equivocadas no campo fiscal.

A dívida bruta cresceu muito, em grande parte pelo fator BNDES, que foi capitalizado com a emissão de títulos públicos do Tesouro.

O governo tem dado ênfase no crescimento de curto prazo disse.

Mas para o governo o importante é que haja clima de euforia este ano, para garantir a eleição da sua candidata.

Desequilíbrios que estão sendo formados terão que ser enfrentados nos próximos anos.

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