"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 24, 2009

BRASIL SEM LEI


REFÚGIO DE BANDIDOS
por Percival Puggina




O nosso STF, a um formidável custo de dinheiro e de recursos intelectuais, levou meses estudando o caso Battisti.
Por fim, depois de horas a fio esfregando flanela no próprio saber e ostentando seu lustro jurídico, os membros da corte deliberaram que sua decisão valia tanto quanto a opinião do senhor que abastecia de água o copo do ministro Gilmar Mendes.
A esquerda vibrou! 
Após anos de empenho para retornarmos ao Estado Democrático de Direito, a esquerda vem mostrando o quanto o despreza.

Ao expressar seus apoios, deixa evidente que, para ela, coisas como devido processo e cumprimento das leis são papo de burguês.

Bom mesmo é meter o pé na porta e puxar o gatilho.

Não exagero, não.

Ela está para o caso Battisti, para as FARC, para o MST, para o terrorismo islâmico, para o chavismo, etc., assim como a torcida do Flamengo está para o Flamengo.
Há um poderoso lobby de apoio às ações criminosas desenvolvidas por tais grupos.

Cresce, no Brasil, a indulgência de setores da mídia, das instituições de Estado.

Esse abraço protetor procede, também, de boa parte do mundo acadêmico, dos cursos de doutorado, da Igreja e do universo da cultura.

Azar, leitor, se um grupo invadir propriedade sua, destruir seus bens e o submeter a cárcere privado.

Azar seu!

Mas se houver intervenção judicial ou policial, imediatamente se erguerão vozes para denunciar a tal “criminalização dos movimentos sociais”.

De modo ardiloso, invertem os critérios de juízo e a função das instituições.

Transformam os réus em vítimas e as vítimas em réus.

Eu pensei que essa esperteza fosse criação da malandragem brasileira. 
Não é.

Procurei no Google as palavras “criminalization of social movements”, e encontrei, para espanto meu, mais de 200 mil referências.

Em português a coisa saltou para 1,2 milhão.

E, em espanhol, passou de dois milhões!

Creio que isso basta para evidenciar a força de convencimento que se associa à persistente reiteração de chavões.

Ou, dizendo melhor, às estratégias de mistificação para dissuasão.
Descobri que no Paraguai, na Colômbia e no Peru é a mesma coisa.

Mas nosso país vai além. 
Está se transformando em valhacouto da bandidagem nacional e internacional.

Aqui as FARC têm “embaixador”.

Aqui se concede refúgio a qualquer delinqüente que exiba no currículo a integração a alguma organização criminosa esquerdista travestida de “social”.

Quando as forças colombianas bombardearam, em território equatoriano, um reduto das FARC, acabaram apreendendo o famoso notebook de Raúl Reyes.

Foi um corre-corre mundial porque havia de tudo ali, informações sobre tráfico, remessas de dinheiro venezuelano, afetuosas mensagens de Reyes para o presidente do Equador, e por aí vai.

Entre essas peças, um email do paraguaio Partido Patria Libre celebrando a acolhida proporcionada pelo nosso governo aos companheiros Juan Arrom, Anuncio Martí e Victor Colman.

Quem são eles?

Os três pertenciam ao Partido Patria Libre (PPL).

Esse grupo, depois de promover vários crimes no Paraguai, deu origem a outro gentil movimento, o Exercito Popular Paraguaio (EPP).

Como estavam querendo criminalizá-los por coisas triviais como assalto a banco e sequestro uns fugiram para a Argentina, que lhes deu um pé no traseiro, e outros para o Brasil, que os acolheu de braços abertos.

Aqui, só devolvemos, mesmo, perigosos atletas cubanos.

Publicado em ZERO HORA, 22/11/2009