O resultado de agosto representa a maior alta mensal do índice desde novembro de 2010, quando a taxa ficou em 1,45%. A alta foi impulsionado tanto pelos preços no atacado quanto no varejo.
Nos últimos 12 meses, os preços monitorados pelo IGP-M já subiram 7,72%; no ano, a inflação acumulada é de 6,07%.
Embora a taxa seja forte, ela não representa uma alta generalizada de preços. O que vivemos hoje é uma pressão forte de algumas commodities, como soja e milho disse Salomão Quadros, economista da FGV, responsável pela pesquisa do IGP-M.
Ele também destacou que alta foi mais concentrada nos preços do atacado.
Não há uma pressão de custos que vai se transmitir ao varejo. O número é alto, mas reforço que é por
Apesar de ter ficado mais forte em agosto, o aumento dos preços foi um pouco menor do que esperavam os economistas. Segundo projeções coletadas pela agência de notícias Reuters, analistas do mercado financeiro previam que o IGP-M teria variação de 1,45% em agosto.
Entre os subíndices que compõem o IGP-M, aquele que acompanha os preços do atacado o Índice de Preços ao Produtor Amplo-Mercado (IPA-M), que tem peso de 60% na taxa mensal manteve a tendência de forte expansão dos últimos meses: subiu de 1,81% em julho para 1,99% em agosto.
Seca americana continua pressionando a inflação
Mais uma vezes, os efeitos da mais severa seca a atingir os Estados Unidos em meio século explicam grande parte do aumento nos preços. As matérias-primas brutas ficaram 4,92% mais caras em agosto, contra 3,31% em julho. Os itens que mais influenciaram foram milho em grão (cuja alta subiu de 6,74% para 20,33% na passagem de julho para agosto).
Como o milho serve de ração, também tiveram forte alta o preços das aves (de 0,84% para 11,18%) e dos suínos (de -2,98% para 26,69%).
Já os preços dos bens finais tiveram crescimento mais brando, avançando 0,71% ante 1,04% anteriormente. Contribuiu para este movimento o subgrupo alimentos in natura, cuja taxa de variação passou de 4,61% para 0,98%.
Os bens intermediários também experimentaram desaceleração. A inflação foi 0,83%, contra 1,34% em julho. A principal contribuição partiu do subgrupo materiais e componentes para a manufatura, que passou de 1,36% para 0,59%.
Preços da construção desaceleram
No varejo, apesar de a inflação também ter acelerado, ela está em patamar bem mais baixo. O Índice de Preços ao Consumidor-Mercado (IPC-M) acelerou de 0,25% para 0,33%. A maior pressão veio do preço da habitação, cujo aumento passou de 0,18% para 0,29%. Nesta classe de despesa destacou-se o comportamento do item móveis para residência, cuja taxa de variação passou de -0,37% para 0,53%.
Também houve acréscimo nas taxas de variação de educação, leitura e recreação (0,27% para 0,54%), vestuário (-0,83% para -0,58%), saúde e cuidados pessoais (0,32% para 0,43%), transportes (-0,39% para -0,34%) e comunicação (0,17% para 0,31%).
Por outro lado, registraram recuo os grupos Alimentação (1,06% para 1%) e despesas diversas (0,39% para 0,24%).
O Índice Nacional de Custo da Construção-Mercado (INCC-M) registrou elevação de 0,32% em agosto, desacelerando ante alta de 0,85% na apuração de julho. O índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços registrou variação de 0,36%, ante 0,63% no mês anterior. O custo da Mão de Obra subiu 0,28% em agosto, ante 1,05% em julho.
Inflação volta a preocupar
Além de medir a evolução do nível de preços, o IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de energia elétrica e aluguel.
Diante da recente aceleração dos preços, o mercado passou a estimar que a inflação fechará 2012 com aumento de 5,19%, de acordo com a pesquisa Focus do Banco Central, afastando-se do centro da meta oficial de 4,5%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, acelerou o passo em agosto para uma alta de 0,39%, ante alta de 0,33% em julho, um pouco acima do esperado pelo mercado.
Segundo analistas esse cenário pode limitar à frente o espaço para mais quedas da taxa Selic, que na quarta-feira sofreu o nono corte seguido, para 7,50%.
Entretanto, o BC tem reiterado que, mesmo com maior pressão inflacionária, o crescimento econômico vai ocorrer com os preços sob controle.
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário