Embora o emprego permaneça estável, o rendimento médio dos funcionários da indústria reduziu 4% em abril na comparação com março.No mesmo período, a massa salarial encolheu 3,5%.
Os números constam de sondagem divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e confirmam o que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já havia detectado:
os trabalhadores do setor estão sentindo mais os efeitos da inflação no seu bolso do que os outros brasileiros.
A Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE apontou que a renda real dos empregados industriais (ganho acima do reajuste de preços) caiu 3,2% em abril, enquanto a do restante da população sofreu redução de 1,8%.
“A inflação está corroendo parte dos últimos reajustes recebidos.
A queda no rendimento não aponta que o setor esteja pagando menos, mas que seu poder de compra está diminuindo”, diagnosticou o economista da CNI Marcelo de Ávila.
O analista da consultoria Tendências Rafael Bacciotti vê um cenário desfavorável para o segmento no país. “A importação, em grande parte, é responsável por essa situação pior. O real valorizado (em comparação com o dólar) favorece a entrada de bens no país.
Além disso, o encarecimento do crédito ao consumidor desestimula o consumo e a produção de bens duráveis, como eletrodomésticos e veículos”, destacou. A consequência é o aumento da ociosidade do parque produtivo. A utilização da capacidade instalada foi reduzida em 1,4% nos últimos dois meses, segundo a CNI.
Esse quadro faz com que os analistas projetem um desempenho pior para a economia do que o governo espera.
“Com o mercado de trabalho mais fraco, a demanda doméstica desacelera e cai o consumo das famílias”, observou Bacciotti, para quem o país crescerá 3,9% em 2011.
A CNI calcula que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro terá expansão de 3,8% no ano e o PIB industrial, de 3,2%.
Mariana Mainenti Correio Braziliense