CONSUMIDOR Inadimplência sobe pelo 4º mês e 41,7% das famílias não têm como pagar as contas atrasadas
O encarecimento do crédito e a inflação alta estão assustando os brasileiros, que estão cada vez mais pessimistas com relação ao atual cenário socioeconômico do país e à capacidade de pagar suas dívidas.
As taxas de inadimplência registraram alta pelo quarto mês consecutivo, conforme levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC/Brasil). O atraso no pagamento das dívidas foi 8,2% maior em maio deste ano em relação ao mesmo mês de 2010.
Preocupadas com o orçamento apertado, 41,7% das famílias declararam em maio não ter condições de quitar as contas atrasadas — a exceção foi oCentro-Oeste, onde apenas 20% alegaram o problema, apontam dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).Em abril, havia menos brasileiros (41,2% dos entrevistados) preocupados com as dívidas no país. Para piorar o quadro, tem diminuído o número daquelas famílias que achavam que dariam conta de honrar os compromissos totalmente, de 21,2% em dezembro último para 14,7% no mês passado.
Conforme a pesquisa, 51,6% dos entrevistados assumiram estar muito endividados. Diante do aperto no orçamento, os brasileiros estão menos confiantes em relação à economia.
O Índice de Expectativas das Famílias, medido pelo Ipea, recuou pelo oitavo mês seguido, registrando 62,9 pontos. Em dezembro passado, estava em 67,2 pontos.
A pesquisa consultou 3.810 domicílios em mais de 200 municípios de todo o país.Em 2011, a inadimplência apurada pelo SPC/Brasil acumula alta de 3,61%, após iniciar o ano em baixa de 10,09%, por conta do aperto no crédito e das seguidas elevações da taxa básica de juros (Selic).
"A luz, que já estava amarela, passou a laranja", alertou o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior.
Ele reforçou que os lojistas deverão ter mais cautela na concessão de crédito, avaliar mais detidamente a capacidade de pagamento e orientar o consumidor sobre as várias opções de taxas de juros.DeterioraçãoOs números do Ipea mostram que a maior preocupação nos lares brasileiros é com a economia de curto prazo, refletida principalmente nas compras de itens do supermercado.
A pesquisa mostrou que 52% dos entrevistados acreditam que os próximos 12 meses serão positivos.
Em abril, essa mesma impressão era de 59,1%. A maior deterioração da confiança foi detectada nas famílias que recebem até um salário mínimo por mês.Além da percepção de piora no cenário econômico, os brasileiros também estão preocupadas com a renda.
O Ipea descobriu que, em maio, 23,1% das famílias declararam estar em situação financeira pior que no mesmo período do ano passado. No mês anterior, eram apenas 22,6% dos entrevistados nessa situação.
A insegurança com relação ao emprego também colabora com a mudança de humor dos domicílios.
No mês passado, 76% revelaram estar tranquilos com relação ao trabalho atual, ante 78% em abril.
Fábio Monteiro e Vera Batista Correio Braziliense