Panorama Econômico - Míriam Leitão
A produção industrial caiu 2% no segundo trimestre, mais do que a previsão de vários economistas.
Mas isso não é problema.
A projeção mais comum continua sendo a de que o país vai crescer em torno de 7%.
O número bonito no entanto esconde alguns desequilíbrios: os gastos públicos aumentaram, o déficit em conta corrente cresceu e consultorias apontam perda de qualidade da política monetária.
A MB Associados afirmou em relatório que o país começa a entrar em desequilíbrio macroeconômico.
Diz que está em estágio incipiente, mas aponta piora nas políticas monetária, fiscal e um déficit crescente nas nossas contas externas.
Parece exagero falar isso se a mesma consultoria projeta crescimento de 7% do PIB; 11,8% da indústria; e 9,9% do comércio este ano.
Parte da explicação para o desacordo entre os números bons e o diagnóstico ruim está no carregamento estatístico.
As indicações de políticas monetária e fiscal e as contas do setor externo sinalizam a necessidade de novas medidas de ajuste na economia, que deveriam vir com o próximo presidente.
Enfatizamos que esse cenário de desequilíbrio trará consequências negativas no longo prazo, enquanto no curto prazo o crescimento continuará ocorrendo, disse a MB Associados.
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O principal problema é que o déficit está crescendo de forma muito forte.
Financiar quase US$ 100 bilhões por ano não será trivial, disse o economista Sérgio Vale, da MB.
A questão fiscal será uma herança negativa para o próximo governo. Quem assumir terá que aumentar a poupança do setor público para diminuir o déficit em conta corrente.
Ele explica que a dívida bruta saltou de 55% do PIB antes da crise internacional, em setembro de 2008, para 60,1% em junho deste ano.
E chegou a bater em 64% em janeiro.
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As projeções de crescimento do PIB estão camuflando políticas econômicas equivocadas no campo fiscal.
A dívida bruta cresceu muito, em grande parte pelo fator BNDES, que foi capitalizado com a emissão de títulos públicos do Tesouro.
O governo tem dado ênfase no crescimento de curto prazo disse.
Mas para o governo o importante é que haja clima de euforia este ano, para garantir a eleição da sua candidata.
Desequilíbrios que estão sendo formados terão que ser enfrentados nos próximos anos.