"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

janeiro 25, 2011

Inflação em foco puxa taxas de juro na BM&F


Inflação é tema dominante nesta semana em que o Banco Central (BC) divulga a ata da primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano. Três índices de preços de janeiro serão divulgados nos próximos dias.

Ontem, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) apresentou a terceira leitura do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) também em janeiro e o resultado confirmou aceleração de 1,06% para 1,18%, puxada por Educação e Transportes.

Esse avanço, combinado com a primeira alta da projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2012 de 4,50% para 4,54%, medido pela pesquisa Focus, incentivou mais uma rodada de alta dos juros futuros.

Os indicadores de preços referentes a janeiro também poderão afetar o comportamento dos juros, mas sem necessariamente revelar o quanto a inflação oficial está deteriorada.

E, nesse sentido, a ata do Copom pode ser mais reveladora, caso o BC indique claramente, como se espera, que o balanço de riscos piorou.

Hoje, feriado em São Paulo que comemora seu aniversário, as bolsas de valores e futuros estarão fechadas. Amanhã, quando os pregões forem retomados, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o IPCA-15, considerado prévia da inflação oficial (IPCA) - referência do regime de metas para inflação no Brasil.

Na quinta-feira sai o IPC-Fipe e, na sexta, o IGP-M - ambos de janeiro.

E a exemplo do que ocorreu com o IPC-S, o índice da Fipe poderá mostrar forte alta, não necessariamente capturada pelo IPCA-15.

Ontem, antes do ajuste de preço na BM&F, os contratos de DI subiram. O vencimento janeiro de 2012 era cotado a 12,42% e janeiro de 2013, a 12,76% ao ano.

O dólar fechou em leve baixa de 0,05%, a R$ 1,672 para venda. Ontem, o BC realizou mais um leilão de swap cambial reverso - equivalente a US$ 988,15 milhões.

Angela Bittencourt/Valor Econômico

TRUQUE E VALE TUDO POR UM SUPERÁVIT PRIMÁRIO/PIB.

Para cumprir a meta de fazer um superávit primário de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, o governo vai utilizar uma brecha prevista pela legislação e reduzir das suas despesas parte dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Segundo apurou o “Estado”, o “desconto” chega a R$ 11 bilhões, ou 0,3% do PIB.

O instrumento contábil foi necessário por causa da escalada de gastos em 2010.
A meta de superávit primário (arrecadação menos despesa, antes do pagamento dos juros da dívida) engloba as contas do Governo Central (Tesouro Nacional, INSS e Banco Central), Estados e municípios.
As estatais foram retiradas do cálculo em decisão anunciada pela equipe econômica no fim do ano passado.

A política fiscal brasileira tem um instrumento que permite ao governo, no caso de não cumprimento do superávit primário previsto para o setor público, recorrer às despesas pagas com projetos incluídos no PAC, de modo que se possa considerar que a meta foi atingida.

Ou seja, com essa medida o governo poderá deixar de contabilizar como despesa cerca de R$ 11 bilhões do total gasto com o PAC, facilitando assim o cumprimento da meta para 2010.

Essa flexibilidade foi adotada para que o governo pudesse deslanchar os investimentos considerados prioritários para o País, sem as amarras fiscais previstas.
Assim, apesar de os investimentos continuarem sendo computados como despesas, eles também podem ser deduzidos da meta do superávit primário.

Complicação

A revisão para cima do PIB do ano passado tornou mais complicada a tarefa do governo para o cumprimento da meta de superávit primário. Segundo uma fonte, com o PIB maior, a meta em valores nominais ficou cerca de R$ 2 bilhões mais salgada.
Além disso, Estados e municípios tiveram um desempenho abaixo do esperado, como já adiantou, no início do ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Mas o resultado fiscal reflete, sobretudo, a política de expansão de gastos em ano eleitoral, que colocou o cumprimento da meta em xeque, mesmo com os artifícios contábeis utilizados para inflar as receitas do governo federal.

Os dados fiscais ainda estão sendo fechados e serão anunciados na próxima segunda-feira pelo Banco Central.

Ao longo do ano passado, o ministro Mantega deu repetidas declarações assegurando que o governo faria a chamada “meta cheia”, sem o uso do abatimento dos investimentos do PAC.

Em dezembro, ele chegou até mesmo a apostar uma caixa de vinho “do bom” que a meta cheia seria cumprida. Poucas semanas depois, no entanto, o ministro recuou e admitiu dificuldades no cumprimento da meta, colocando a culpa nos Estados.

Aperto.

A equipe econômica reduziu a meta de 3,3% para 3,1% do PIB, com a retirada das contas da Eletrobrás do cálculo do superávit primário.

E, mesmo com o ingresso de R$ 31,9 bilhões de receitas decorrentes da operação de capitalização da Petrobrás e com o uso de outras manobras contábeis, ficou apertado para o governo cumprir a meta cheia.

Íntegra...

Adriana Fernandes/Estadão