O jornal britânico “Financial Times” publicou uma reportagem na qual afirma que o modelo “lulista” de desenvolvimento econômico pode estar atingindo seu limite. O periódico já havia alertado para risco de bolha no Brasil em uma reportagem e também em editorial.
Medidas que permitiram expansão do consumo e do crédito no Brasil durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva agora geram inflação e risco de bolha, diz o diário. A reportagem aponta como soluções de longo prazo o aumento dos investimentos e mais austeridade nos gastos públicos.
Na reportagem, o “FT” tenta explicar de que forma o modelo lulista gerou melhorias, quais as conseqüências negativas e que ajustes são necessário. “O modelo Lula é incompleto”, disse Arminio Fraga ao jornal britânico.
Abaixo, uma seleção dos pontos apresentados na reportagem de página inteira do “Financial Times”, citando algumas medidas do governo Lula que geraram desenvolvimento mas, também, desequilíbrios.
O que Lula fez
. Colocou técnicos no Banco Central e no Ministério da Fazenda para manter a estabilidade macroeconômica;
. Lançou o programa Bolsa Família
. Aumentou o salário mínimo “bruscamente”
. Reformou a legislação de falências, o que tornou mais fácil para os bancos emprestar dinheiro e praticamente dobrou o volume de crédito para o setor privado desde 2007.
Essas medidas, diz o “FT”, geraram as bases para a expansão da classe média e ajudam a explicar o “crescimento econômico em taxas asiáticas” no último ano do mandato (7,5%).
Os desequilíbrios gerados
. O real se fortaleceu 46% em dois anos e meio;
. Devido ao aumento das importações, o déficit nas transações do Brasil com o resto do mundo já representa 2,3% do PIB (Produto Interno Bruto);
. Inflação ao consumidor atingiu o teto da meta estipulada pelo próprio governo, de 6,5% em 12 meses, “em parte devido ao rápido crescimento da economia e dos empréstimos”.
. O Banco Central elevou a taxa básica de juros para 12,25% ao ano, o que atrai mais capital externo para o país e faz o real se valorizar mais;
. Consumidores usam um quarto da sua renda para pagar dívida (nos EUA, essa proporção é de 16%);
. Inadimplência subiu 22% entre janeiro e julho, maior alta em nove anos, segundo a Serasa.
Radar Econômico/Estadão