Mas nem todos os acionistas acreditam nisso.
Representante dos minoritários no Conselho de Administração da Eletrobrás, Arlindo Magno afirmou, em entrevista a Josette Goulart, publicada no jornal Valor de quarta-feira, que há na estatal inúmeros "assuntos intocáveis", sobre os quais a empresa não presta informação, nem quando indagada formalmente.
Entre eles, a dificuldade de acesso a informações pormenorizadas sobre as companhias por ela controladas - como as subsidiárias Furnas,
Chesf,
Eletronorte e Eletrosul.
Ou as participações minoritárias que tem em mais de 30 empresas, no montante de R$ 6,8 bilhões.
E não há gestão "dessas participações", segundo Magno, funcionário aposentado do Banco do Brasil, que já trabalhou no fundo de pensão Previ e participa do conselho de várias empresas.
A Usina de Belo Monte, que será controlada pela Eletrobrás, é outro exemplo de falta de informação:
"Você sabe qual o valor do investimento?
Eu não sei.
Sabe a rentabilidade?
Eu não sei.
O leilão aconteceu na primeira parte do ano e até agora não fomos informados sobre quanto a empresa vai investir e o retorno que teremos.
A Eletrobrás tem também obrigações próprias de governo, não só de empresa, cujo papel é obter lucro e remunerar os acionistas.
"Gerenciamos os fundos setoriais" - observou Magno -, mas "por que não mandar isso para um gestor financeiro como o BNDES?"
"Gerenciamos (os programas de governo) o Luz para Todos, o Reluz", mas "nada disso é o nosso negócio."
Em carta ao ministro de Minas e Energia, o conselheiro sugeriu aperfeiçoar as regras de governança e permitir que o Conselho de Administração fiscalize a empresa, mas não obteve resposta.
Em tom de desabafo, Magno afirmou que as subsidiárias não obedecem ao comando da Eletrobrás e que há "uma luta interna para ver quem controla a corporação".
Propõe ele que os diretores que não cumprirem as metas sejam demitidos, independentemente da filiação partidária.
Maior empresa holding do País, a Eletrobrás deve explicações não apenas aos acionistas minoritários brasileiros e estrangeiros, que detêm 21,7% das ações ordinárias e 87,5% das preferenciais, mas também aos contribuintes, pois a União e o BNDES controlam a empresa.
O Estado de S.Paulo