
A passagem de Yoani Sánchez pelo Brasil me deixou apreensivo sobre o futuro deste país.
Agente da CIA, do governo de Havana ou apenas uma mulher em busca de liberdade? Seja quem for, de Fidel ao papa, defendo como sagrado o legítimo direito ao protesto, à vaia, à discordância e à liberdade de expressão. Mas as claques organizadas, melhor dizendo, cooptadas, para calar a dissidente cubana a todo custo protagonizaram um espetáculo vexaminoso, deprimente, beirando a estupidez.
Não fosse a segurança escalada para protegê-la, temo que a viagem ao Brasil teria sido a última da vida de Yoani.
Não fosse a segurança escalada para protegê-la, temo que a viagem ao Brasil teria sido a última da vida de Yoani.
Em um debate na tevê houve até quem defendesse como “democrática” a truculência da turba. Yoani que arrumasse uma tropa capaz de gritar mais do que aquela, argumentou. Ora, em tese, a democracia ainda é o mais civilizado dos sistemas políticos até hoje experimentados, justamente por garantir a liberdade de expressão a todos os cidadãos, faça esse cidadão parte da maioria ou de uma minoria. Briga-se com palavras, argumentos, ideias.
Agora, estupefato mesmo fiquei ao testemunhar gente que eu considerava civilizada — apesar das divergências políticas — aplaudir como “democrática” a selvageria dos brucutus que silenciaram à força a visitante. Se batem palmas para eles, imagino que, por analogia, devem achar igualmente “democrática” a perseguição aos judeus protagonizadas por Hitler, eleito nas urnas e que contava com uma maioria milhões de vezes maior a ovacioná-lo enquanto calava, caçava e exterminava judeus. Sabemos bem no que deu essa “democracia”.
Falo de Hitler, mas poderia simplesmente citar a ditadura dos irmãos Fidel e Raúl Castro. Sim, não há paraíso — e Cuba está longe disso — que justifique a extinção das liberdades individuais. Se, no planeta inteiro, grande parte dos políticos não estivesse empenhada apenas em defender os próprios interesses, já teria percebido que o melhor dos mundos está em construir uma sociedade menos desigual, mais fraterna, justa, solidária.
Que garanta dignidade, educação, saúde e moradia a cada um dos seus cidadãos. Isso deveria ser cláusula pétrea na Declaração Universal dos Direitos Humanos. O governante que não cumprisse a determinação seria levado a um tribunal internacional e submetido a processo de impeachment.
Aí, sim, teria fim essa farsa,
essa demagogia barata,
vergonhosa,
de quem faz política em cima da miséria alheia.
Plácido Fernandes Vieira
essa demagogia barata,
vergonhosa,
de quem faz política em cima da miséria alheia.
Plácido Fernandes Vieira
Nenhum comentário:
Postar um comentário