O real foi a moeda que mais recuou frente ao dólar em 2012. Levantamento feito pelo economista André Perfeito, da Gradual Investimentos, mostra que muitas divisas perderam valor frente ao padrão monetário dos Estados Unidos por conta da aversão dos investidores a aplicações de risco, que aumenta em épocas de crise.
Mas o real teve a maior desvalorização, segundo ele, por causa de medidas adotadas deliberadamente pela equipe econômica. A queda alcança 8,08%, enquanto o peso mexicano, por exemplo, andou na direção oposta e subiu 5,9%.
Segundo o economista, o governo foi longe demais ao enfraquecer o real para atender a demanda dos exportadores. "Manipular o câmbio é sempre perigoso, pois não sabemos nunca como será a repercussão na economia.
O resultado da Petrobras no segundo trimestre foi decepcionante por conta, justamente, da apreciação do dólar", observou.
De acordo com Perfeito, a desvalorização emite um sinal sutil, mas poderoso, de que é melhor ficar "vendido" em Brasil e comprado em outras divisas.
"Quem fez dívida em dólar porque acreditava que o real continuaria forte devido ao crescimento econômico perdeu dinheiro", constatou.
Na avaliação dele, a moeda brasileira vai alcançar níveis adequados quando a taxa básica de juros, a Selic, atingir patamar próximo ao de outros países. "Aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre capital estrangeiro e outras invencionices só colocam o carro na frente dos bois", criticou.
Bolsas
E não é só o real que está derretendo. O desempenho da bolsa brasileira este ano está entre os piores do mundo. Segundo ranking da revista britânica The Economist, tomando o dólar como referência, a BMF&Bovespa teve desvalorização de 15,3% de janeiro a julho.
A perda só não foi maior que a das bolsas de Espanha (-34%),
Itália (-22,6%)
e Grécia (-19,3%),
países que enfrentam grave crise econômica.
Além da crise, que fez estrangeiros retirarem dinheiro do país (só em junho saíram US$ 740,5 milhões da BM&FBovespa), alterações na tributação de investimentos aumentaram a percepção de risco. Neste ano, houve duas mudanças no IOF cobrado sobre aplicações estrangeiras em renda fixa.
Pior entre os Brics
O resultado da BM&FBovespa é o pior entre os Brics, grupo é formado também por Rússia (cuja bolsa teve desvalorização de 4,6%), Índia (alta de 3,1%) e China (que tem duas instituições, uma que mostrou valorização de 1,2% e outra que registrou queda de 4,3%).
Nos Estados Unidos, o Índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, acumulada alta de 3,3% até julho, assim como a Nasdaq, que teve elevação de 9,9%.
VÂNIA CRISTINO Correio Braziliense
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