Já se passaram praticamente 10 anos desde a estreia de Carlinhos Cachoeira, em 2004, na crônica dos escândalos de grosso calibre em Brasília.
O flagrante de propina a Waldomiro Diniz, à época assessor do todo-poderoso José Dirceu na Casa Civil, foi o primeiro episódio a derrubar a máscara ética exibida pelo PT.
Em março de 2012, Waldomiro foi condenado a 12 anos de prisão pelo crime de corrupção. Carlinhos Cachoeira tratou de ampliar sua influência nos meios políticos, alternando ações criminosas com atividades empresariais a fim de obter vultosos contratos na administração pública.
Está preso desde 29 de fevereiro, após a Operação Monte Carlo identificar um megaesquema que envolve bingos e lavagem de dinheiro, desferir um golpe mortal na carreira de um senador e provocar calafrios em políticos de diversos partidos e autoridades de toda ordem.
A influência de Carlinhos Cachoeira causa assombro precisamente pelo fato de se desconhecer até o momento a extensão dos tentáculos do esquema.
O entusiasmo inicial do governo federal rapidamente transformou-se em receio, exatamente pela constatação de que nenhum político brasileiro, neste momento, está em condições de escapar ileso de suspeitas e de ataques.
O esquema comandado pelo bicheiro de Goiás, agora jogado à luz, provoca um temor em cascata a integrantes do PT, do DEM, do PSDB e das demais legendas partidárias.
A sombra de Cachoeira causa angústia porque se mostra capaz de aniquilar a biografia de personalidades que acumulam capital político na arena de Brasília. Mas nada está definido.
Há pouco mais de um mês, Demóstenes Torres gozava de tamanho prestígio que, após a revelação das primeiras denúncias por este Correio, o Senado promoveu ruidosa sessão de desagravo ao parlamentar, com nada menos que 44 apartes favoráveis.
Este é o mesmo Senado que se prepara para dois movimentos:
integrar a comissão mista que investigará as atividades da quadrilha de Cachoeira e conduzir o eventual processo de cassação do senador expulso do Democratas.
Nada indica que haverá resultados efetivos nesses dois institutos.
É improvável que o Congresso, em ano eleitoral, se aprofunde em remexer as entranhas da política nacional.
E resta a pergunta:
quando estaremos livres do banditismo que sustenta a vida pública brasileira?
Carlos Alexandre Correio Braziliense
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