''Novo'' Panamericano perde R$ 142 milhões em dezembro.
Administração do banco adotou solução inédita no País ao divulgar balanço:
ignorou dados do período da antiga diretoria.
O Panamericano que existia até o início de novembro de 2010 morreu, até no papel. Ontem, depois de uma espera de mais de dois meses, o banco finalmente divulgou um balanço com números após a demissão da antiga diretoria.
A nova administração decidiu eliminar os dados anteriores a novembro.
O que vale mesmo, segundo os gestores, são os resultados depois desse mês.
É uma solução inédita na história brasileira.
E foi isso que eles anunciaram - a posição patrimonial "de abertura", relativa a novembro, e os resultados referentes apenas a dezembro. No último mês do ano passado, o Panamericano teve um prejuízo de R$ 142 milhões.
Os ativos, na ocasião, totalizavam R$ 11,6 bilhões.
O Estado apurou que a solução de "ignorar" os números do passado (incluindo o terceiro trimestre de 2010) foi inicialmente rechaçada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Banco Central (BC).
Após longas negociações, os administradores do Panamericano convenceram as autoridades de que era impossível refazer a contabilidade com base nos dados fraudados.
Por isso, optaram pelo "Balanço Patrimonial de Abertura", com data inicial em 30 de novembro de 2010. Como a lei brasileira obriga a divulgação de resultados trimestrais para empresas de capital aberto (caso do Panamericano), a direção enviou à CVM um balanço do 2.º trimestre pro forma.
"São números que não servem para nada, pois estão distorcidos", frisou o diretor superintendente do banco, Celso Antunes da Costa. As ações do Panamericano subiram 0,52% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
O documento divulgado ontem confirma que o rombo total no Panamericano foi de R$ 4,3 bilhões. Do total, R$ 1,6 bilhão é referente ao que se chamou de inconsistências contábeis.
Outro R$ 1,7 bilhão veio do não registro de operações de cessão de crédito liquidadas.
Ou seja, o Panamericano não repassou para outros bancos dinheiro que recebeu de pré-pagamento de operações de crédito liquidadas pelos clientes antes do prazo de vencimento.
Conforme antecipou o Estado, houve R$ 500 milhões de provisões para devedores duvidosos inferiores ao que deveria ter sido feito; e R$ 300 milhões de uma operação de swap cambial contabilizada erroneamente.
Outros R$ 200 milhões decorreram de "outros ajustes".
Leandro Modé - O Estado de S. Paulo
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