O ministro da Fazenda, Guido Mantega, garantiu ontem que o governo tem munição de sobra para segurar a instabilidade dos mercados e a disparada do dólar.
"Temos bala na agulha para fazer isso. Temos reservas como nunca tivemos antes. Temos muitos dólares em carteira", disse o ministro.
Para poupar as reservas em moeda estrangeira, hoje em cerca de US$ 376 bilhões, e incentivar a entrada de mais dólares no país, o governo reduziu a alíquota de 6% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas aplicações de estrangeiros no mercado de renda fixa e dos derivativos.
O BC também vem realizando leilões de swap cambial tradicional para segurar a alta da moeda norte-americana. No entanto, esses mecanismos não estão mais surtindo efeito. Ontem, a divisa dos Estados Unidos rompeu a barreira de R$ 2,20, muito acima do patamar em que vinha sendo negociada.
"O câmbio andou na esteira de projeções do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, que indica a possibilidade de uma reversão mais rápida da política monetária dos Estados Unidos", disse o economista-chefe do BES Investimento do Brasil, Jankiel Santos.
"O discurso de Ben Bernanke ontem confirmou essa percepção. Ele sinalizou que a compra de ativos será atenuada a partir do fim do ano e encerrada até meados de 2014. Embora tenha indicado que a taxa de juros permanecerá baixa por bastante tempo, o mercado já sabe, agora, que a direção dos juros nos EUA será apenas para cima", completou.
Enigmático
Mantega, entretanto, evitou comentar as medidas do Fed.
Segundo ele, os técnicos do ministério estão analisando a manifestação do banco central americano. "Ainda não está claro o que eles realmente quiseram dizer. Os mercados já estão reagindo, não sei se adequadamente. Temos de esperar pelo menos 24 horas para saber se ele confirmou a diminuição dos estímulos monetários", afirmou o ministro.
Acrescentando que "ainda está um pouco obscuro em que medida e em que velocidade isso vai acontecer". Na avaliação de Mantega, o Fed "é enigmático" e, por conta disso, ele não consegue ainda vislumbrar o "horizonte".
O ministro acredita que a oscilação nos mercados é passageira e que o governo está preparado para agir contra uma valorização acentuada do dólar.
"A situação está sob controle e, portanto, é uma instabilidade passageira", afirmou. Para ele, a alta da divisa norte-americana "deve amainar-se em algum momento", porque os "mercados se reposicionam".
Correio Braziliense
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