Em Niterói, depois que prédios do Minha Casa Minha Vida que receberiam sobreviventes do Morro do Bumba racharam, o desperdício ficou evidente. Dois edifícios foram demolidos antes mesmo de serem ocupados.
A cerca de 30 quilômetros dali, em Itaboraí, o prejuízo aos cofres públicos se materializa em forma de abandono. Já faz quase dois anos que estão paradas as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de Itambi, para a construção de 256 unidades habitacionais destinadas a moradores de áreas de risco da região, próxima ao Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj).
Os oito prédios já foram erguidos.
Mas ficaram inacabados, quatro deles sem reboco e pintura.
E exibem os sintomas do tempo deixado de lado, como infiltrações, buracos abertos nas fachadas, infiltrações e janelas quebradas.
Segundo o secretário municipal de Habitação, Wolney Trindade, as obras começaram há seis anos. E, na gestão anterior da prefeitura, chegaram a ser gastos R$ 16 milhões dos R$ 20 milhões do projeto, em parceria com o Ministério das Cidades e a Caixa Econômica Federal.
Mas levantamentos feitos desde o início deste ano, afirma Wolney, indicam que faltam cerca de 22 mil itens, como piso, pias, lâmpadas e acabamento, para completar o empreendimento.
Enquanto isso, em comunidades que seriam beneficiadas pelas novas casas, como a do Pavilhão e da Bacia, em Itambi, as pessoas continuam vivendo, literalmente, no meio da lama. Com ruas cheias de poças d’água, é difícil o acesso às duas localidades. Na Bacia, uma vila de pescadores próxima ao Rio Caceribu, casas estão construídas à beira de um canal, muitas delas precárias.
No lugar, cheio de mosquitos, os moradores não têm esgoto nem água. Para as tarefas do dia a dia, como lavar louças, conta o Otacílio Gonçalves, de 73 anos, muitos puxam água de um duto que liga a captação de Imununa à Estação de Tratamento de Água de Laranjal e, portanto, consomem água ainda não tratada.
— A água que temos é suja. Aqui também seria construída uma estação de tratamento de esgoto, que atenderia inclusive ao condomínio para onde nos mudaríamos ou nos mudaremos. Mas as obras pararam. Foram consumidos milhões e não sabemos o que vai acontecer — lamenta Otacílio, lembrando que bem perto da casa em que vive passará uma estrada de acesso ao Comperj.
— A água que temos é suja. Aqui também seria construída uma estação de tratamento de esgoto, que atenderia inclusive ao condomínio para onde nos mudaríamos ou nos mudaremos. Mas as obras pararam. Foram consumidos milhões e não sabemos o que vai acontecer — lamenta Otacílio, lembrando que bem perto da casa em que vive passará uma estrada de acesso ao Comperj.
Questionado sobre o motivo de as obras terem sido interrompidas, o ministério afirmou apenas que a empresa contratada para execução do empreendimento (a R.C. Vieira Engenharia) solicitou, há cerca de um ano, a rescisão do contrato à prefeitura, mas não explicou o motivo.
O órgão federal também garantiu que não serão necessárias demolições em Itambi, a exemplo do que aconteceu em Niterói, embora vizinhos das obras apontem que existem rachaduras no interior de dois prédios.
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