"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 18, 2012

Tenebrário NO APAGÃO DE "CADA DIA" do brasil maravilha dos FARSANTES


O tenebrário é um enorme candelabro triangular usa­do pela Igreja Católica na li­turgia do Oficio de Trevas da Semana Santa. Ao longo da cerimônia, suas 15 velas são progressivamente apa­gadas, até a treva total, 
o governo Dilma parece sugerir que esse é o formato do sistema elétrico brasileiro.

 Nesse sábado, o País sofreu o sétimo apagão de graves proporções em qua­tro meses. Foram atingidos oito Esta­dos e população estimada em mais de 3,5 milhões de pessoas.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) avisou em nota oficial que as perdas de geração na usina de Itumbiara, administrada pela central de Fumas (grupo Eletrobrás), alcan­çou 1.180 MW, mas os desligamentos sucessivos a partir desse epicentro in­terromperam o fornecimento de 8,2 mil MW - nada menos que 13,4% da carga total do Brasil.

A cada episódio, fuzilam-se os suspei­tos de sempre: 
fatores naturais - como ventanias, raios, incêndios em pastagens ao longo das linhas de transmissão, coisas assim. Ontem, por exemplo, o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp , apon­tou o dedo acusador para "descargas at­mosféricas". Deveria bastar para demonstrar que o sistema é tremendamente vul­nerável a tempestades tropicais.

Depois, também como sempre, o ONS convoca técnicos dos agentes envolvidos para averiguar as causas do problema, que, meses depois, aparecerão minuciosa­mente em taludos relatórios. Mas, antes, outras ocorrências de proporções simila­res terão provocado novos estragos e no­vos procedimentos equivalentes.

As autoridades da área lidam com os fatos como se fossem coisas que o brasileio tem de aturar ou os usam para fazer seu jogo. Em outubro, o então ministro interi­no de Minas e Energia, Márcio Zimmer-mann, insinuou que o apagão da ocasião poderia ter origem em atos de sabotagem das grandes companhias de energia - co­mo reação contra a Medida Provisória 579, que obriga os fornecedores a derru­bar em ao menos 20% as tarifas. 

 
Depois admitiu que, uma a uma, interrupções no fornecimento de energia elétrica têm a ver com falta de investimentos ou com descuidos de manutenção.
 
Às vezes, o governo Dilma parece igno­rar o impacto desses problemas sobre a atividade econômica. Dá a impressão de desconhecer os prejuízos provocados pe­la paralisação das linhas de produção, pelo bloqueio das comunicações e pela enor­me quantidade de produtos que se dete­rioram nas gôndolas dos supermercados, nos freezers e nas câmaras frigoríficas.

 
Que sentido fazem tantos apelos ao em­presário para que mobilize seu espírito animal e despeje seu dinheiro em novos negócios, se o governo não garante supri­mento regular de energia? 


 Dá isenção de IPI à compra de geladeiras pelo povão, mas não dá importância para o estrago causado na economia familiar em perdas de alimentos provocadas por fatos assim.
 
A sucessão de apagões e apaguinhos in­dica que o sistema sofre de doença grave. Mas as autoridades a subestimam. De que adianta, por exemplo, insistir em preços baixos da energia (modicidade tarifária), se não há segurança de fornecimento?

Assim aumentam as dúvidas sobre a eficácia da nova política. A já mencionada MP 579 impõe que investimentos em ma­nutenção dos sistemas não sejam repassa­dos para as tarifas antes de serem submeti­dos aos burocratas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). 


São eles que operam o tenebrário? 

Celso Ming/Estado de S.Paulo

Nenhum comentário: