Em homenagem, talvez, ao centenário do nascimento de Nelson Rodrigues, os réus do processo dos mensaleiros e alguns advogados atribuem a esse personagem, e só a ele, a responsabilidade pela prática de tal crime, julgado o maior de todos os ocorridos na história da República no Brasil.
É como se esse ectoplasma formidável e divertido, que tanto interferiu no futebol, se não em todos os clubes do país, pelo menos no Fluminense, tivesse prestado serviço nos oito anos do governo petista de Lula. Esse, aliás, é um de seus mais fervorosos crentes.
Mas Sobrenatural de Almeida, fora do plenário do Supremo Tribunal Federal, porque respeita a imagem de Ruy Barbosa, diverte-se, ao lado da estátua da Justiça, sua amiga cega, com as trapalhadas em que se enredaram seus novos crentes.
Infelizmente, para esses, o personagem de Nelson Rodrigues, brincalhão que é, nunca faria injustiça alguma à amiga cega e aos que seguem o bom caminho na vida.
Sinceramente, sem rancor, este escriba, como todos os brasileiros, espera que o Supremo puna quem merece punição e, no caso, faça os culpados devolverem ao erário tudo o que dele tiraram.
Roberto Gurgel, procurador-geral da República, fez relatório que facilitou aos brasileiros comuns o entendimento do mensalão. Todo brasileiro devia receber o resumo de seu voto, bem assim os dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Aliás, o ministro Marco Aurélio Mello disse que "o Brasil, um país de faz de conta, faz de conta que não tivemos o maior dos escândalos nacionais e os culpados nada sabiam".(Ilimar Franco, no Globo)
É verdade. Houve muitas estrepolias, mas ninguém sabe nada. Fica a impressão, depois da denúncia de Roberto Gurgel, que, como no tribunal de Nuremberg, faltou o grande chefe, salvo pela clemência da massa brasileira com os que não cumprem seus deveres éticos e políticos, mas lhes dão esmolas.
Como na inscrição do poeta Lêdo Ivo no mausoléu de brasileiros mortos na Segunda Guerra "Deus sabe seus nomes", se quiserem, no mensalão, o Diabo e Sobrenatural também sabe.
Rubem Azevedo Lima Correio Braziliense
Sobrenatural de Almeida
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