"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 05, 2012

Reservas caem sem compras do BC


A queda de US$ 1,863 bilhão no estoque de reservas internacionais em maio, a maior desde setembro do ano passado, ocorreu em meio à interrupção das compras de dólares no mercado à vista pelo Banco Central, após três meses seguidos mantendo essa estratégia. As reservas internacionais terminaram maio em US$ 372,409 bilhões.

A redução das reservas brasileiras também ocorreu diante da forte desvalorização de alguns dos principais ativos que compõem a carteira, como moedas de maior rendimento e os títulos públicos americanos de prazo mais curto.

Em maio, o BC liquidou apenas US$ 63 milhões em operações de compra de dólar no mercado à vista. Mas esse valor foi adquirido em um leilão realizado em 27 de abril, última vez em que a autoridade monetária enxugou dólares nesse segmento.

O número contrasta fortemente com abril, quando o BC liquidou o equivalente a US$ 7,223 bilhões em operações desse tipo, maior valor desde os US$ 8,443 bilhões de março de 2011.

Os números mostram que, entre maio de 2009 (quando o BC retomou as compras diárias de dólares no mercado à vista) e abril passado, o BC adquiriu nesse mercado US$ 127,895 bilhões, 71,4% do crescimento dos US$ 179,008 bilhões das reservas no período.

Mas também vale destacar a desvalorização de alguns ativos que formam a carteira das reservas lastreados em moedas como dólar canadense, euro, dólar australiano e libra esterlina, que sofreram desvalorizações no mês passado devido à onda de aversão ao risco que tomou conta dos mercados financeiros.

Em 2010, com base no relatório de gestão das reservas, 14,1% desses recursos estão aplicados em ativos nessas divisas. Em maio, o dólar canadense tombou 3,96%, enquanto a moeda australiana perdeu 6,73%. O euro recuou 6,06%, e a libra esterlina, 4,94%.

Para o BC, alocar mais recursos em dólares canadenses e australianos, por exemplo, é importante por serem moedas de economias com "sólidos fundamentos fiscais", chegou a comentar o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, em setembro passado.

Em abril, de acordo com dados mais recentes do BC, 91,1% das reservas internacionais estavam alocados em títulos governamentais. Dentre esses papéis, estão os títulos americanos.

Nas reservas estão esses ativos americanos de prazo mais curto, que tem tido seu valor de face reduzido por conta da chamada "Operação Twist" do banco centra americano (Federal Reserve). Esse mecanismo prevê a compra de papéis mais longos e a venda de títulos mais curtos, o que acaba por desvalorizar os preços dos papéis de vencimentos mais próximo. A consequência para as reservas brasileiras foi a perda de valor, mesmo com a alta de 2,66% do dólar ante o real em maio.

Após 2008, ano da crise financeira internacional, o BC passou a reduzir o prazo médio anual dos investimentos gerais, e não apenas os americanos, que compõem as reservas em busca de maior liquidez. Naquele ano, o prazo médio anual era em 2,88 anos, caindo para 2,21 anos em 2009 e para 1,68 ano em 2010, segundo o relatório de gestão da autoridade monetária.

José de Castro | De São Paulo Valor Econômico

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