Acena com a possibilidade de apelar para um arsenal que mostrou algum resultado no passado recente, mas parece exaurido:
estímulo a crédito e concessão de novos benefícios a setores específicos.
Enquanto isso, o que realmente deveria ser executado não o é:
alavancar o investimento.
O ritmo de investimentos é cadente neste início de ano.
Não apenas o poder público tem fracassado em realizar as melhorias necessárias na infraestrutura, como também os empreendimentos privados estão sendo postos em ponto morto - muitas vezes em razão do desestímulo advindo de medidas oficiais.
Não por coincidência, à medida que os investimentos se reduzem, diminui também a força do crescimento do PIB, como ficou evidente com a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) na sexta-feira passada.
Em março, o índice caiu 0,35% em comparação com fevereiro. Foi o terceiro recuo consecutivo e a nona queda mensal do indicador - que funciona como prévia bastante realista do PIB oficial, calculado pelo IBGE - ao longo dos 15 primeiros meses do governo Dilma Rousseff.
No primeiro trimestre, a atividade econômica cresceu apenas 0,15% ante os três últimos meses do ano passado. A expectativa, mesmo já contaminada por frustrações neste início de ano, era de que tivesse havido avanço de 0,5%. Não deu.
Com a enxurrada de maus resultados, estão indo definitivamente por água abaixo as previsões mais otimistas quanto à evolução da atividade econômica neste ano, alimentadas pelo governo. Isolado, agora apenas o Ministério do Planejamento insiste em projetar 4,5%. Os prognósticos mais realistas nem chegam a 3%.
Diante deste cenário nada animador, o governo Dilma Rousseff parece meio atônito para lidar com a situação. Volta a falar em estimular crédito, reduzir juros e incentivar, novamente, setores como o automobilístico e o de construção, como informa hoje O Estado de S.Paulo.
Ocorre que tal modelo tem apresentado evidentes sinais de esgotamento.
Os níveis de inadimplência estão crescendo e o limite de endividamento das famílias está próximo, quando não ultrapassado.
Ou seja, o motor do consumo não aparenta a vitalidade necessária.
Enquanto envereda por estes descaminhos, o governo simplesmente descuida de fazer a sua parte:
pisar no acelerador dos investimentos.
Folha de S.Paulo mostra hoje que, no primeiro quadrimestre, a queda foi de 5,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em moeda sonante, foram R$ 600 milhões menos:
de R$ 11,1 bilhões para R$ 10,5 bilhões.
No caso do PAC, segundo o jornal, a situação é ainda pior:
redução de 24% nos desembolsos até abril. Os investimentos no programa caíram de R$ 5,5 bilhões, no primeiro quadrimestre de 2011, para R$ 4,2 bilhões neste início de ano.
Há duas semanas, o Estadão havia revelado situação parecida. Dos 492 projetos do PAC com orçamento da União, apenas 84 receberam algum pagamento entre janeiro e abril. Além disso, como tem se repetido nos últimos anos, 96% dos desembolsos feitos no período são de restos a pagar - ainda há R$ 28 bilhões de exercícios anteriores esperando para serem quitados.
Para não ficar apenas nos grandes números, e fiascos de enorme proporção, vale citar alguns programas que ficaram paradões no quadrimestre. É o caso dos desembolsos do Fundo Nacional de Saúde para ampliação e construção de UBS e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento):
nada dos R$ 929 milhões previstos foi aplicado até abril, segundo a ONG Contas Abertas.
Praticamente a mesma coisa aconteceu com o programa Mobilidade Urbana e Trânsito. Dos R$ 1,4 bilhão previstos para 2012, só R$ 11 mil haviam sido pagos até abril. O governo deve ter lá suas razões, afinal as cidades brasileiras não enfrentam problemas sérios de locomoção e o atendimento público de saúde é de Primeiro Mundo, não é mesmo?
A situação deve piorar.
Analistas mais acurados já preveem que os investimentos poderão até mesmo cair neste ano. Sem que o governo mostre disposição para remover entraves - como os que recaem, por exemplo, sobre o setor elétrico e os portos - o setor privado também está engavetando projetos de expansão.
Não se vê energia, nem saídas à vista.
Catapultar investimentos é receita mais que sabida para impulsionar a atividade econômica. No Brasil, especialmente, uma vez que o país, reconhecidamente, aplica muito pouco em proporção do seu PIB.
Não é aceitável que a gestão petista demonstre tanta dificuldade para fazer o óbvio, enquanto se perde realizando o desnecessário e o indesejável.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Armas erradas contra a crise
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