A rotina de escândalos e má gestão na administração petista não dá trégua e também se dissemina pelos escalões inferiores.
Mário Negromonte deve deixar o Ministério das Cidades nesta semana, depois de muito resistir no cargo. Se tinha alguma credencial para lá permanecer, há muito deixou de ter, depois que a pasta viu-se envolvida em falcatruas em série.
Primeiro foi o "mensalinho", supostamente pago aos correligionários de Negromonte no PP para apoiá-lo no ministério, onde sempre foi um titular enfraquecido e quase inoperante.
Depois vieram as suspeitas de que alterou projetos de obras vinculadas à Copa tornando-as muito mais caras. E, na sequência, a revelação de que recebia lobistas para combinar negócios nas Cidades.
Para completar, seu desempenho como gestor foi um fracasso total. No comando do maior orçamento do PAC, o Ministério das Cidades pagou apenas 8% das autorizações de gastos de 2011.
Também sob seu guarda-chuva, o Minha Casa Minha Vida gastou menos de 5% dos R$ 12,6 bilhões autorizados por lei no ano passado.
Com uma ficha corrida assim, o mais espantoso é que o ministro Negromonte - também notável pelo empenho em garantir verbas federais para a cidade baiana de Glória, governada pela mulher dele - tenha demorado tanto tempo para cair.
Recentemente, ele chegou a afirmar que estava "mais firme do que as pirâmides do Egito". Frase da mesma série do "firme como uma rocha" de Wagner Rossi, do "indestrutível" de Orlando Silva e do "só saio abatido à bala" de Carlos Lupi.
Todos devidamente demitidos na sequência.
O certo é que o baile para Negromonte também acabou. Os jornais noticiam que sua saída coincidirá com o retorno de Dilma de sua viagem de três dias a Cuba e Haiti. Ontem, mais um auxiliar de Negromonte foi afastado:
o chefe da Assessoria Parlamentar do ministério.
É a segunda exoneração em menos de uma semana; nenhuma delas "a pedido".
Mas a rotina de demissões de funcionários em maus lençóis não para aí. Ontem, o Diário Oficial da União publicou o desligamento de Luiz Felipe Denucci Martins da presidência da Casa da Moeda.
Segundo versão comprada por vários jornais, ele, ligado ao PTB, teria saído por "pressões políticas".
Mas, segundo a Folha de S.Paulo, o motivo é bem distinto: suspeita de receber propina de fornecedores do órgão por meio de duas empresas no exterior.
A Helmond Commercial LLC, registrada em nome do próprio Denucci, e a Rhodes INT Ventures, de Ana Gabriela, filha dele, são sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal.
Foram constituídas em 2010, quando ele já comandava a Casa da Moeda - órgão que faturou R$ 2,7 bilhões no ano passado. As duas firmas teriam movimentado US$ 25 milhões em suas contas desde então.
"A WIT [companhia especializada em transferência de dinheiro com sede em Londres] aponta que os valores são oriundos de pagamento de comissão feito por dois fornecedores exclusivos da Casa da Moeda, equivalente a 2% dos contratos firmados", informa o jornal, que há duas semanas vinha preparando reportagem sobre o caso.
O primeiro mês deste 2012 foi recheado de demissões na República. Pela péssima atuação no combate a calamidades, caíram chefias no Dnocs e anunciam-se agora mudanças na Sudene e na Codevasf.
O ministro da Integração também balança. Quem sabe abra-se aí uma perspectiva de mudança no sofrível padrão de conduta e desempenho que marca a gestão Dilma até agora.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
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