O rombo nas contas externas chegou a US$ 38,7 bilhões no ano após registrar, em outubro, um deficit de US$ 3,7 bilhões. No ano, o tamanho do buraco já é maior que o dobro em igual período de 2009 (US$ 15 bilhões).
Pela lupa dos especialistas, o saldo negativo reflete um Brasil crescendo além do que é capaz e dependente do capital de outros países para se financiar.
O Investimento Estrangeiro Direto (IED), destinado ao setor produtivo e sempre evocado como antídoto aos estragos nas contas externas, não tem sido capaz de acompanhar tamanha deterioração e o governo está se vendo obrigado a atrair capital especulativo, extremamente sensível às turbulências, para suprir as necessidades do país.
No acumulado de 12 meses, o buraco nas contas externas alcançou US$ 47,9 bilhões, o que representa um avanço de 123,8% ante novembro de 2009.
Já o investimento estrangeiro direcionado para a produção avançou em ritmo bem mais modesto: 24,9% em igual base de comparação.
O que o capital estrangeiro não tem conseguido cobrir está ficando a cargo dos recursos aplicados na bolsa de valores e títulos da renda fixa. Até outubro, essa porta de entrada para dinheiro estrangeiro no Brasil registrou o maior volume desde 1995: US$ 48,4 bilhões.
Esse cenário, de acordo com economistas ouvidos pelo Correio, mostra que, enquanto o Brasil mantiver taxas de juros elevadas, vai atrair mais dinheiro de especuladores do que recursos para o desenvolvimento do país.
“O problema é que, se ocorre uma turbulência, esse capital especulativo vai embora e a gente perde o que financia nosso crescimento”, ponderou Haroldo Mota, professor de finanças da Fundação Dom Cabral.
“Somos dependentes desse capital e isso é ruim. Nosso ritmo de atividade está alto e necessitamos alugar equipamentos lá fora e transporte para continuarmos a produzir e exportar”, explicou Mota.
Trajetória
Túlio Maciel, chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, argumenta que não há motivo para alarde. Por enquanto, o país está conseguindo se financiar — mesmo que com o dinheiro do mercado financeiro — e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país), estimado em 7,5% para este ano, está sendo bancado em parte por esses recursos.
“O deficit reflete o poder de consumo do brasileiro, que está viajando mais para o exterior e ainda o maior dinamismo da nossa produção”, disse.
Economista-chefe do banco Fibra, Maristella Ansanelli concorda que o buraco nas transações correntes ocorre em função do forte crescimento do país, porém, ela afirma que é preciso pensar no longo prazo e mudar esse quadro.
“No curto prazo, ele está permitindo que a gente cresça, mas isso é sustentável?”, questiona.
“Não pode crescer (o rombo) indefinidamente. Se não conseguirmos financiar isso, os impactos virão por meio de desvalorização do real e inflação”, alertou.
Ainda assim, as projeções não são de melhora nessas contas.
“Até o fim deste ano, esperamos que o deficit em conta-corrente siga a mesma trajetória de intensificação observada nos últimos meses, encerrando o ano em torno de US$ 50 bilhões”, calculou Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco.
Para 2011, o BC projeta um rombo de US$ 60 bilhões, mas analistas de mercado e economistas mais pessimistas afirmam que o buraco pode chegar a US$ 80 bilhões.
Victor Martins Correio Braziliense
O Investimento Estrangeiro Direto (IED), destinado ao setor produtivo e sempre evocado como antídoto aos estragos nas contas externas, não tem sido capaz de acompanhar tamanha deterioração e o governo está se vendo obrigado a atrair capital especulativo, extremamente sensível às turbulências, para suprir as necessidades do país.
No acumulado de 12 meses, o buraco nas contas externas alcançou US$ 47,9 bilhões, o que representa um avanço de 123,8% ante novembro de 2009.
Já o investimento estrangeiro direcionado para a produção avançou em ritmo bem mais modesto: 24,9% em igual base de comparação.
O que o capital estrangeiro não tem conseguido cobrir está ficando a cargo dos recursos aplicados na bolsa de valores e títulos da renda fixa. Até outubro, essa porta de entrada para dinheiro estrangeiro no Brasil registrou o maior volume desde 1995: US$ 48,4 bilhões.
Esse cenário, de acordo com economistas ouvidos pelo Correio, mostra que, enquanto o Brasil mantiver taxas de juros elevadas, vai atrair mais dinheiro de especuladores do que recursos para o desenvolvimento do país.
“O problema é que, se ocorre uma turbulência, esse capital especulativo vai embora e a gente perde o que financia nosso crescimento”, ponderou Haroldo Mota, professor de finanças da Fundação Dom Cabral.
“Somos dependentes desse capital e isso é ruim. Nosso ritmo de atividade está alto e necessitamos alugar equipamentos lá fora e transporte para continuarmos a produzir e exportar”, explicou Mota.
Trajetória
Túlio Maciel, chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, argumenta que não há motivo para alarde. Por enquanto, o país está conseguindo se financiar — mesmo que com o dinheiro do mercado financeiro — e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país), estimado em 7,5% para este ano, está sendo bancado em parte por esses recursos.
“O deficit reflete o poder de consumo do brasileiro, que está viajando mais para o exterior e ainda o maior dinamismo da nossa produção”, disse.
Economista-chefe do banco Fibra, Maristella Ansanelli concorda que o buraco nas transações correntes ocorre em função do forte crescimento do país, porém, ela afirma que é preciso pensar no longo prazo e mudar esse quadro.
“No curto prazo, ele está permitindo que a gente cresça, mas isso é sustentável?”, questiona.
“Não pode crescer (o rombo) indefinidamente. Se não conseguirmos financiar isso, os impactos virão por meio de desvalorização do real e inflação”, alertou.
Ainda assim, as projeções não são de melhora nessas contas.
“Até o fim deste ano, esperamos que o deficit em conta-corrente siga a mesma trajetória de intensificação observada nos últimos meses, encerrando o ano em torno de US$ 50 bilhões”, calculou Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco.
Para 2011, o BC projeta um rombo de US$ 60 bilhões, mas analistas de mercado e economistas mais pessimistas afirmam que o buraco pode chegar a US$ 80 bilhões.
Victor Martins Correio Braziliense
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