O progresso da ciência trouxe benefícios indiscutíveis. Entre eles, o prolongamento da vida das pessoas.
Medicamentos e aparelhos cada vez mais sofisticados combatem males até há pouco considerados fatais. O avanço, porém, se assemelha à moeda.
Tem dois lados.
Um se refere à melhora das condições gerais de sobrevivência.
O outro, aos desafios que a nova realidade impõe aos governantes. Novos paradigmas devem substituir os antigos, que se revelam inadequados para responder às exigências atuais.
Talvez o maior embate seja a Previdência Social.
O envelhecimento dos brasileiros se assemelha a bomba-relógio.
Associado à redução da base de jovens e da população economicamente ativa, o aumento da expectativa de vida pode levar o sistema ao colapso.
Em estudo baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009, o IBGE traçou cenário preocupante.
Segundo a pesquisa, com a constante redução da taxa de natalidade, em 2030 o país terá 206,8 milhões de habitantes.
Tal como ocorre no mundo desenvolvido, a tendência é estagnar nesse patamar.
Projeções indicam que, daqui a duas décadas, a participação de idosos na população será igual à dos jovens.
Em 2050, aumentará — 22,71% contra 13,15% de pessoas com até 14 anos.
Os números inquietam porque sinalizam desequilíbrio crescente nas contas da Previdência.
É urgente, segundo especialistas, proceder a mudanças na concessão de aposentadorias.
Entre elas, manter o trabalhador por mais tempo na atividade.
O tema, apesar da importância de que se reveste, não figura na agenda dos presidenciáveis.
Esperava-se que, com o prolongamento da campanha eleitoral, os candidatos tratassem de assuntos relevantes que dominarão a pauta dos próximos anos.
Um dos mais substantivos, embora espinhoso, é, sem dúvida, a Previdência. José Serra e Dilma Rousseff, porém, se omitem.
O brasileiro, tanto o que está no mercado de trabalho quanto o que ingressará no futuro, precisa se preparar para que a velhice não seja sinônimo de incerteza.
Para tanto, necessita de regras claras e duradouras.
Não é, porém, o que encontra.
O cenário que vislumbra é sombrio — a espada de Dâmocles sobre a cabeça
Correio Braziliense
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