(...)
O que se viu no transe da ditadura foi o germinar de duas tendências opostas: liberdade versus autoritarismo.
Os democratas, como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, entre outros, partiram para luta contra a ditadura, mas sempre apontando para o horizonte de um regime aberto.
Outros, como Dilma Rousseff e Franklin Martins, partiram para a clandestinidade.
Passaram-se muitos anos. A guerrilha foi substituída pelos ensinamentos de Gramsci, pela força do marketing político e pela manipulação populista das massas desvalidas.
Mas a alma continua a mesma: autoritária. A hipótese de que caminhamos para uma aventura antidemocrática não se apoia apenas na intuição e na experiência da História.
Ela está gritando na força inequívoca dos fatos. Vamos lá, caro leitor.
Em discurso, ao lado do presidente Lula, o ministro Franklin Martins criticou a imprensa e disse que os jornais e as emissoras de TV vão perder o controle sobre as notícias levadas à opinião pública.
Eles participaram do lançamento da TVT, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Franklin disse que o canal ajudará a internet a quebrar o poder dos "aquários", jargão que identifica a chefia das redações dos grandes jornais.
"Isso é uma revolução e incomoda muita gente que ficava no Olimpo. Mas é irreversível, e está apenas começando."
O inimigo é claro e declarado: a imprensa independente.
A mesma que combateu a ditadura militar e que se opõe, e se oporá sempre, aos novos ímpetos autoritários que se vislumbram no horizonte pós-eleitoral.
O projeto de controle das comunicações e das liberdades públicas não é uma possibilidade.
É uma estratégia em clara implantação.
O respeitado especialista Ethevaldo Siqueira, em artigo no jornal O Estado de S. Paulo, fez uma impressionante radiografia do avanço controlador.
"O PT não quer simplesmente continuar, mas se prepara para aprofundar o aparelhamento do Estado na área das comunicações. Ao longo de quase oito anos, o partido ocupou quase todos os espaços de poder na área de comunicações", diz Siqueira.
(...)
A tomada das comunicações, clara, aberta e despudorada, é mais um capítulo, mas não encerra os procedimentos previstos no manual de instruções antidemocrático.
Assistimos, atônitos, à transformação de instituições da República em autênticas estruturas de coordenação de ações criminosas.
(...)
Por incrível que pareça, Eduardo Jorge só teve acesso às investigações da Receita graças a uma decisão judicial.
E aí ficou muito claro que as quebras de sigilo não foram fatos isolados, mas parte de um esquema.
Com a bomba no colo, o governo partiu para um gesto teatral: a entrevista concedida às pressas pelo chefe da Receita Federal.
Foi patética.
Tudo não teria passado de um esquema de propina na delegacia da Receita em Mauá.
É a versão atualizada do caso dos aloprados.
A explicação da Receita, embora carregada de nonsense, só ocorreu por uma razão: a pressão incontornável da verdade informativa.
É isso que incomoda.
É isso que se quer controlar.
Algemada a imprensa, sucumbe a liberdade e morre a cidadania. Controle das comunicações, cerco à imprensa independente, aparelhamento das instituições.
Delírio persecutório?
Não.
Fatos. Só fatos. É sombrio o horizonte da democracia brasileira.
Agora, com a economia turbinada, tudo é festa e a capacidade crítica se esvai.
Mas um país com imprensa ameaçada, oposição esfacelada, instituições aparelhadas, comunicação controlada e sob o efeito de um crescente populismo assistencialista é tudo menos uma democracia.
Escarmentemos no exemplo venezuelano.
Cabe-nos resistir, como no passado, com as armas do profissionalismo, da ética inegociável e da defesa da liberdade.
O que se viu no transe da ditadura foi o germinar de duas tendências opostas: liberdade versus autoritarismo.
Os democratas, como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães, entre outros, partiram para luta contra a ditadura, mas sempre apontando para o horizonte de um regime aberto.
Outros, como Dilma Rousseff e Franklin Martins, partiram para a clandestinidade.
Passaram-se muitos anos. A guerrilha foi substituída pelos ensinamentos de Gramsci, pela força do marketing político e pela manipulação populista das massas desvalidas.
Mas a alma continua a mesma: autoritária. A hipótese de que caminhamos para uma aventura antidemocrática não se apoia apenas na intuição e na experiência da História.
Ela está gritando na força inequívoca dos fatos. Vamos lá, caro leitor.
Em discurso, ao lado do presidente Lula, o ministro Franklin Martins criticou a imprensa e disse que os jornais e as emissoras de TV vão perder o controle sobre as notícias levadas à opinião pública.
Eles participaram do lançamento da TVT, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Franklin disse que o canal ajudará a internet a quebrar o poder dos "aquários", jargão que identifica a chefia das redações dos grandes jornais.
"Isso é uma revolução e incomoda muita gente que ficava no Olimpo. Mas é irreversível, e está apenas começando."
O inimigo é claro e declarado: a imprensa independente.
A mesma que combateu a ditadura militar e que se opõe, e se oporá sempre, aos novos ímpetos autoritários que se vislumbram no horizonte pós-eleitoral.
O projeto de controle das comunicações e das liberdades públicas não é uma possibilidade.
É uma estratégia em clara implantação.
O respeitado especialista Ethevaldo Siqueira, em artigo no jornal O Estado de S. Paulo, fez uma impressionante radiografia do avanço controlador.
"O PT não quer simplesmente continuar, mas se prepara para aprofundar o aparelhamento do Estado na área das comunicações. Ao longo de quase oito anos, o partido ocupou quase todos os espaços de poder na área de comunicações", diz Siqueira.
(...)
A tomada das comunicações, clara, aberta e despudorada, é mais um capítulo, mas não encerra os procedimentos previstos no manual de instruções antidemocrático.
Assistimos, atônitos, à transformação de instituições da República em autênticas estruturas de coordenação de ações criminosas.
(...)
Por incrível que pareça, Eduardo Jorge só teve acesso às investigações da Receita graças a uma decisão judicial.
E aí ficou muito claro que as quebras de sigilo não foram fatos isolados, mas parte de um esquema.
Com a bomba no colo, o governo partiu para um gesto teatral: a entrevista concedida às pressas pelo chefe da Receita Federal.
Foi patética.
Tudo não teria passado de um esquema de propina na delegacia da Receita em Mauá.
É a versão atualizada do caso dos aloprados.
A explicação da Receita, embora carregada de nonsense, só ocorreu por uma razão: a pressão incontornável da verdade informativa.
É isso que incomoda.
É isso que se quer controlar.
Algemada a imprensa, sucumbe a liberdade e morre a cidadania. Controle das comunicações, cerco à imprensa independente, aparelhamento das instituições.
Delírio persecutório?
Não.
Fatos. Só fatos. É sombrio o horizonte da democracia brasileira.
Agora, com a economia turbinada, tudo é festa e a capacidade crítica se esvai.
Mas um país com imprensa ameaçada, oposição esfacelada, instituições aparelhadas, comunicação controlada e sob o efeito de um crescente populismo assistencialista é tudo menos uma democracia.
Escarmentemos no exemplo venezuelano.
Cabe-nos resistir, como no passado, com as armas do profissionalismo, da ética inegociável e da defesa da liberdade.
A democracia pode cambalear, mas sempre prevalece.
Íntegra :
Ameaças à democracia
Carlos Alberto di Franco - O Estado de S.Paulo
DOUTOR EM COMUNICAÇÃO, É PROFESSOR DE ÉTICA E DIRETOR DO MASTER EM JORNALISMO E-MAIL: DIFRANCO@IICS.ORG.BR
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