Só sente compaixão por Dilma Rousseff quem não tem pena do Brasil.
A última criação coletiva dos jornalistas federais é um monumento à inventividade: quem ganha por larga vantagem um debate na TV sai perdendo.
Os doutores em urna descobriram que o brasileiro, sempre emotivo e generoso, sente pena de quem leva muitas pancadas verbais num estúdio e se solidariza com a vítima.
E concluíram que José Serra, no confronto desta quinta-feira, deve mostrar que é melhor que Dilma Rousseff – mas não muito.
O candidato do PSDB só terá salvação se não perder o debate na Band, ensinam.
Se não ficar evidente que é o mais preparado para governar o Brasil, perderá a eleição.
Mas também perderá a eleição se ficar evidente que é muito mais preparado.
Só chegará ao Planalto, portanto, se descobrir como vencer um duelo sem que o oponente pareça vencido demais. Não é pouca coisa.
Dilma Rousseff nunca foi candidata a nada e vai participar de um debate pela primeira vez.
A bisonha principiante interrompe frases no meio, vive se perdendo na selva das reticências, despeja cataratas de platitudes, não sabe rimar gesto com voz, recita banalidades com cara de quem revela o Décimo Primeiro Mandamento e é frequentemente indecifrável.
Cita Lula de dois em dois minutos, celebra obras imaginárias, promete o que não cumprirá, enxerga colossos moderníssimos onde não há sequer canteiros de obras.
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